Eu sou uma chuva que não molha, mas se sente, que passa pelos caminhos mais indescritíveis do ser. Sou passageiro como o infinito que olha sem querer e deixa sequelas de paz. Sou tudo o que as pessoas quiserem que eu seja, mas pelo menos sou e não passei despercebido. Como a chuva, eu sopro o cheiro da terra, sou pó e voltarei a ele e nada é mais passageiro que as minhas palavras, as quais, em alguém, ficaram ou tentei que ficassem ao menos uma sílaba. Sou a frase que ninguém esperava, que desmascarou o julgamento prévio do que eu fiz ou tentei fazer e não me deixaram.Sou o olhar discreto, sou o amigo do momento mais íntimo que não se tem, sou aquele que tenta descobrir o que é se o deixarem, tentando aproximar-se, recuando com medo das incertezas que possa encontrar, embora o mundo também esteja repleto delas. Sou a purificação, o anseio mais breve daquilo que não se pode ter e tenho quando busco na lentidão profunda do âmago. Sou tantas coisas, e quando mal intencionado não sou nada e na maioria das vezes finjo ser o que não se podia. Estou agora pensando neste momento na vida, no canto mais íntimo do meu corpo onde ninguém penetra, mas eu vivo.Em já padeci muitas vezes, quando precipitado, e posso padecer agora no num breve momento de loucura. Eu não acredito que posso caminhar sem o amor, rosto ao vento, enxergando a liberdade de um abismo, achando que a liberdade é um caminhar em passos largos, afastasse de mim o cordão umbilical que me unia à vida e à felicidade, na esperança de renovar, de acertar, de vencer, de falar a verdade sempre. Nesse exacto momento, penso no amor e na felicidade e espero que alguém pense em mim se porventura decidir caminhar sozinho.
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
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