segunda-feira, 20 de outubro de 2008

PENSAMENTO PROFÉTICO: "AMOR - 2"

(CONTINUAÇÃO PENSAMENTO PROFÉTICO: "AMOR - 1")
Quantas vezes nós já exigimos de alguém atenção, carinho e afecto? Pois saibamos que isso não significa amor, mas tão somente exigência. Se alguém nos deu o que nós queríamos, não quer dizer que essa pessoa estava-nos amando, antes pelo contrário, estava sim realizando os nossos desejos. É mais ou menos isso que ocorre com a casais. Cada parceiro tentando dar ao outro o que lhe é exigido para ter também esse direito. Onde está o amor? Nós só estaremos amando alguém de verdade quando não exigirmos coisa alguma. Toda a vez que esta regra for quebrada, nós estaremos a cometer um acto de desamor. Não é possível florescer o amor num ambiente onde há cobranças. Há amor quando não há exigências. Há amor quando não há intolerância. Há amor quando não há cobranças. Há amor quando não há ciúmes.O amor é um sentimento que transcende o espírito e se torna real para quem ama e é amado. Para que o amor exista é necessário que não existam sentimentos negativos. Num relacionamento sentimental, nós devemo-nos simplesmente deixar envolver pelas boas emoções geradas e não exigir nada da outra pessoa. Nós na verdade devemos simplesmente deixar que o sentimento do amor aflore e se aposse de nós.
Neste momento, nós estaremos amando de verdade e isto nos satisfará. Alcançar o amor talvez exija mais renúncia do que alegria e felicidade. Nem sei se a felicidade pessoal é compatível com o amor. Por que ligar felicidade ao amor? O amor é sério demais para almejar a felicidade. A felicidade está sempre ligada a alguma forma de inconsequência. A paixão sim faz a gente feliz. Só curtir? Melhor ainda. Assim como é preciso alguma crueldade para viver, assim como há sempre alguma agressão embrulhada em qualquer vitória, também a felicidade precisa de alguma inconsequência. O amor por si, é repleta de "trágicos deveres". Por isso o amor não está ligado à felicidade. Os que assim a perseguem, deveriam desistir de amar. O amor é um sentimento ligado à lucidez, à renúncia, às compreensões das contradições. Amar é ser capaz de viver um sentimento que se misture fundo com a vida, se torne corriqueiro, mal percebido, sem grandeza, sem efeitos extraordinários, emoções particulares ou excitantes. Aqui reside, pois, as complicações do amor. Só se torna visível quando ameaçado acabar. Só o descobrimos quando se supõe nada mais sentir. Está onde menos se espera. É profundo, vital, doador, independente de exaltações. Flui imperceptível, aparece ao sumir. Pessoas que se separam, mesmo livres uma da outra, sentem um vazio, uma perda, um sentimento de possibilidade perdida. É preciso muito viver, muito desiludir-se, muito sentir, muito experimentar, muito perder, muito renunciar, para encontrar o próprio amor, guardado não se sabe em que dobra da gente, e muitas vezes nunca descoberto. Morrer sem descobrir o próprio amor escondido é frequente e terrível. O que estamos fazendo com o amor que está em nós e diariamente trocamos pelas emoções passageiras, pela felicidade inconsequente, pelas alegrias passageiras? O que estamos fazendo? O que? Quando amamos, muitas das vezes não damos liberdade. Que tipo de amor é este, que tem medo de dar liberdade? Isto não é amor, é política.
O amor só pode existir em igualdade e em liberdade. O amor é uma relação na qual ninguém é superior, na qual ambos são completamente conscientes de que são diferentes, de que as suas expectativas de vida são diferentes. O casal estar junto é uma lição enorme em perdoar, em esquecer, em compreender que um é tão humano quanto o outro, que ambos têm necessidades e carências, que ambos cometem erros e são algumas vezes bastante frágeis. O amor que só existe com liberdade, por outro lado, só sobrevive com compreensão e perdão. Na verdade, se o amor existe, nós passamos a amar ainda mais a outra pessoa na medida em que a conhecemos e é desta maneira que o amor cresce ainda mais. Mas não estou a dizer que nos devemos apegar exageradamente à pessoa amada, porque o apego trás o medo, o medo de perder a pessoa amada, o medo de perder o controle. O amor e o medo são pólos opostos. Se existir medo, haverá menos amor. Se não houver o medo, haverá mais amor. Se nós amarmos de verdade, não nos devemos preocupar em perder a pessoa amada ou em controlá-la. Nós devemos deixar fluir, não ter medo da vida, não ter medo da felicidade. O amor e paixão não se confundem, porque o amor possui uma temporalidade mais longa, enquanto que a paixão é imediata.Quando vivemos com uma pessoa que amamos, deveríamos, proteger a felicidade, ajudar-nos mutuamente a desatar os "nós" internos. Uma pessoa pode provocar a formação de "nós" internos no parceiro, sem se aperceber. Se esses "nós" não forem desatados, chegará um dia que não haverá mais nenhuma felicidade. Portanto, se um dos parceiros perceber que um nó acabou de se atar em seu íntimo, não deve ignorá-lo. Deve dedicar o tempo necessário para analisá-lo e com a ajuda do parceiro, desatá-lo. Poderia começar, dizendo ao parceiro, que percebeu um conflito, que atou um "nó" em seu intimo, e que gostaria de conversar sobre o assunto. Isso é fácil se os estados de espírito dos parceiros é de entendimento, e não há uma carga excessiva de "nós".
(CONTINUA...)

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