terça-feira, 22 de março de 2011

MORREU ARTUR AGOSTINHO E UMA PARTE DA HISTÓRIA DA RÁDIO


Artur Fernandes Agostinho nasceu a 25 de Dezembro de 1920, em Lisboa. Fez o percurso profissional na rádio, primeiro como locutor amador e aos 25 anos entrou na Emissora Nacional confundindo-se o seu percurso com a própria história da rádio. Figura das mais marcantes dos primórdios do jornalismo desportivo radiofónico, os relatos de jogos de futebol, reportagens da Volta a Portugal em bicicleta foram marcados pelo seu trabalho.
Fez depois parte do departamento desportivo da Rádio Renascença. Sobre esse percurso, entre 1980 e 1983, Ribeiro Cristovão, jornalista da Renascença e também figura incontornável do jornalismo desportivo e do relato de futebol, recorda um homem que “a certa altura foi a rádio”.
“Tinha acabado de regressar do Brasil, de um cativeiro a que se tinha sujeitado voluntariamente depois de ter sofrido muito após o 25 de Abril de 1974. E foi ali que começou a sua reabilitação”.
Com experiência de dois anos na Rádio Globo, Artur Agostinho trouxe então um novo ritmo para o jornalismo desportivo na rádio, recorda: “Abordámo-lo com o desafio de iniciar o jornalismo desportivo na Renascença, que não existia de forma autónoma. Foi aí que surgiu o Bola Branca [que ainda hoje existe] e passamos a ser a rádio mais ouvida em Portugal, ajudados pelo seu saber. Foi ele que trouxe, por exemplo, o anúncio dos nomes cantados dos comentadores. Mudou até a informação, passamos a ser mais agressivos, com a preocupação de dar as notícias rapidamente e de forma séria. Não tenho a menor dúvida que ele protagonizou o início de uma espécie de revolução na informação desportiva em Portugal”.
Ribeiro Cristóvão frisa também a versatilidade de Artur Agostinho dentro da rádio e não tem dúvidas em afirmar que hoje morre uma parte da história da rádio: “Não tenho dúvidas em dizer que com ele morre uma parte importante da história da rádio. A uma certa altura o Artur Agostinho foi a rádio. Desenvolveu as mais variadas actividades, dos relatos à informação, passando pelo teatro radiofónico, sempre competente em todas as áreas. Ele era a rádio”.
Com um percurso que passou também pela apresentação na TV e pelo cinema, Artur Agostinho participou em filmes como Capas Negras (1947), O Leão da Estrela (1947), Cantiga da Rua (1949), Sonhar É Fácil (1951), Dois Dias no Paraíso (1957), O Tarzan do 5.º Esquerdo (1958) e Encontro com a Vida (1960). Mais recentemente, na televisão, vinha participando em telenovelas.
Dirigiu também o diário desportivo “Record”, entre 1963 e 1974, e o jornal do Sporting. Era conhecido por ser adepto sportinguista.
Em Dezembro passado, Artur Agostinho havia sido condecorado pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, num dia que classificou como “um dos mais felizes” da sua vida.
No início deste mês tinha apresentado o livro “Flashback”, no qual faz o relato na primeira pessoa das dificuldades vividas no período revolucionário do pós-25 de Abril.

O locutor e jornalista Artur Agostinho morreu esta terça-feira, aos 90 anos, noticia o site do jornal "Record". Ainda não foi divulgada a causa da morte, mas Artur Agostinho estaria internado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, há já uma semana.
Além da carreira como jornalista e locutor, Artur Agostinho tinha larga experiência como actor. Participou em alguns dos grandes clássicos do cinema português, como "Capas Negras" ou "O Leão da Estrela", ambos de 1947. As gerações mais jovens conhecem-no das participações em várias séries televisivas, nomeadamente "Inspector Max" e "Ana e os Sete".
Em Dezembro, foi condecorado com a comenda da Ordem Militar de Santiago da Espada pelo Presidente da República.

PAZ À TUA ALMA ARTUR. ESTIVE CONTIGO NA GALA DO BENFICA. ÉS UM SENHOR, UM VERDADEIRO CAVALHEIRO, UM GENTLEMAN DIGNO DE SER OUVIDO. AS TUAS CRÓNICAS ERAM AUTÊNTICOS TRATADOS, ENCICLOPÉDIAS, BÍBLIAS DO QUE É SER JORNALISTA, UM HOMEM DO POVO, UM SENHIOR DA RÁDIO, E ACIMA DE TODO UM CIDADÃO DO MUNDO.

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