sexta-feira, 21 de agosto de 2009

SEM DEIXAR PARA AMANHÃ


A vida sempre surpreende. Ou talvez se deva dizer que a morte surpreende a vida? Afinal, ela sempre aparece num momento inoportuno.
Quando estamos para nos reformarmos e gozar do que consideramos um merecido descanso. Ou quando estamos nos preparando para o casamento.
Ou, ainda, quando acabamos de passar por um concurso que nos garantiria uma carreira de sucesso.
Por isso mesmo, nunca devemos deixar para amanhã as declarações de afecto. Por vezes, tivemos um professor que nos influenciou muito e realmente deu sentido, propósito e direcção à nossa vida. Entretanto, nunca reservamos um tempo para lhe agradecer.
De repente, ele morre e ficamos a pensar: "meu Deus, ao menos eu deveria ter-lhe escrito uma carta."
De outras vezes, chateamo-nos com alguém e punimos a pessoa com o nosso silêncio. Passam-se os dias, os meses, os anos. E continuamos com a punição. Aí a pessoa morre. O que acontece? Quase sempre o remorso nos alcança e começamos a cogitar: "eu devia ter falado com ela."
Para compensar a nossa culpa, vamos à florista e compramos muitas flores, para enfeitar o caixão, a capela mortuária, o túmulo. Teria sido muito mais compensador ter comprado algumas flores antes, um pequeno ramalhete e ter tentado fazer as pazes. Reatar o relacionamento. É até possível que a pessoa rejeitasse as flores, as jogasse no chão. E nos virasse as costas. Mas, então, o problema não seria mais nosso, mas exclusivamente dela. Não permitamos que a morte arrebate a chance de dizermos o quanto amamos as pessoas que nos amam, cuidam de nós, nos protegem, amparam e guardam. O quanto elas são importantes para nós. Pode ser uma avó, um irmão, um amigo íntimo, ou até um namorado ou companheiro. Mesmo que outro alguém tenha insinuado que parecemos tolos quando ficamos afirmando a intensidade do nosso amor, da nossa amizade e da nossa ternura.


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