Parece que as prateleiras estão cada vez mais abarrotadas deste empoeirado produto: compromisso.
Virou moda não querer, dispensar, e quem se arrisca a assumir algum, parece ficar um tanto deslocado, sem saber como agir, para onde ir, com quem falar.Mas será mesmo que comprometer-se é uma opção? Não parece que o compromisso é condição inata? Não estar comprometido com alguém ou alguma coisa já não seria o próprio compromisso assumido? Ok, vou-me explicar.
Por mais que se tente afirmar que a liberdade é o oposto do compromisso, isto não passa de uma ilusão, uma tentativa insana de se apegar a uma condição impossível de existir. Estar vivo já é um compromisso. Não se pode ser livre sem antes estar comprometido. Estou falando mesmo de relacionamentos afectivos, mas também da vida de um modo geral. Só se vive, só se faz história, só se deixa marcas quando se assume compromissos. O compromisso de crescer é o primeiro. Andar, falar, escrever, ler, fazer amigos, enfim, amadurecer enquanto pessoa. Depois, os amores, as paixões, as relações. Dentro isto tudo, as decepções, as vitórias, as alegrias e as dores. Tudo isto é vivido como compromisso. Acontece que, de uns tempos para cá, virou moda aderir à comunidade onde a lei é não se comprometer. As pessoas, e não só os homens, dão-se o direito de fazerem o que quiserem, como se isso fosse sinónimo de auto-estima, auto-respeito ou amor-próprio. Não é, e definitivamente, não é nada disso.Parece que estamos vendo o mundo como uma imensa montra de doces. Tem vários, uns mais apetitosos que o outros. Diversas opções. Difícil escolher, é verdade. E se não bastasse o desejo de comermos todos, ainda entramos no conflito de que não queremos engordar para manter a forma, e daí, acreditamos que dar uma dentada em cada um resolve todas as nossas angústias. Ou seja, trazendo a metáfora para os relacionamentos, existem muitas pessoas interessantes, que beijam bem, que sabem seduzir e dar prazer. Parece que passamos a acreditar que temos o direito de experimentar todas, do género, um dia cada uma, e ao mesmo tempo, não queremos nenhuma. Não assumimos nenhuma. Sustentamos a falsa impressão de que isso satisfaz muito mais do que escolher apenas um doce, mas sabemos e sentimos a real consequência desta imprudência: uma enorme dor de estômago e uma valente dor de barriga. As sensações de solidão, vazio e incompetência só aumentam. Não estou sugerindo que todas as pessoas devam assumir um compromisso agora e nunca mais ficar com ninguém. Não se trata de radicalismos ou extremismos. Sugiro apenas uma reflexão: será mesmo que não queremos comer doces ou será que queremos comê-los todos? Sinto muito em dizer, mas ninguém pode ter tudo e o nada também não satisfaz.Chega o momento em que temos de fazer escolhas, porque são elas que nos permitem amadurecer, evoluir e ser felizes. Minha sugestão é para que nos devemos comprometer e apontar o doce que realmente queremos. Saboreá-lo com calma, sentindo a deliciosa oportunidade de nos comprometermos com ele. Entreguemo-nos a esta escolha e usufruamos do sabor peculiar e imperdoável que pode existir no amor, porque a vida não dura sempre nem existirá eternamente quem fique à espera.
Virou moda não querer, dispensar, e quem se arrisca a assumir algum, parece ficar um tanto deslocado, sem saber como agir, para onde ir, com quem falar.Mas será mesmo que comprometer-se é uma opção? Não parece que o compromisso é condição inata? Não estar comprometido com alguém ou alguma coisa já não seria o próprio compromisso assumido? Ok, vou-me explicar.
Por mais que se tente afirmar que a liberdade é o oposto do compromisso, isto não passa de uma ilusão, uma tentativa insana de se apegar a uma condição impossível de existir. Estar vivo já é um compromisso. Não se pode ser livre sem antes estar comprometido. Estou falando mesmo de relacionamentos afectivos, mas também da vida de um modo geral. Só se vive, só se faz história, só se deixa marcas quando se assume compromissos. O compromisso de crescer é o primeiro. Andar, falar, escrever, ler, fazer amigos, enfim, amadurecer enquanto pessoa. Depois, os amores, as paixões, as relações. Dentro isto tudo, as decepções, as vitórias, as alegrias e as dores. Tudo isto é vivido como compromisso. Acontece que, de uns tempos para cá, virou moda aderir à comunidade onde a lei é não se comprometer. As pessoas, e não só os homens, dão-se o direito de fazerem o que quiserem, como se isso fosse sinónimo de auto-estima, auto-respeito ou amor-próprio. Não é, e definitivamente, não é nada disso.Parece que estamos vendo o mundo como uma imensa montra de doces. Tem vários, uns mais apetitosos que o outros. Diversas opções. Difícil escolher, é verdade. E se não bastasse o desejo de comermos todos, ainda entramos no conflito de que não queremos engordar para manter a forma, e daí, acreditamos que dar uma dentada em cada um resolve todas as nossas angústias. Ou seja, trazendo a metáfora para os relacionamentos, existem muitas pessoas interessantes, que beijam bem, que sabem seduzir e dar prazer. Parece que passamos a acreditar que temos o direito de experimentar todas, do género, um dia cada uma, e ao mesmo tempo, não queremos nenhuma. Não assumimos nenhuma. Sustentamos a falsa impressão de que isso satisfaz muito mais do que escolher apenas um doce, mas sabemos e sentimos a real consequência desta imprudência: uma enorme dor de estômago e uma valente dor de barriga. As sensações de solidão, vazio e incompetência só aumentam. Não estou sugerindo que todas as pessoas devam assumir um compromisso agora e nunca mais ficar com ninguém. Não se trata de radicalismos ou extremismos. Sugiro apenas uma reflexão: será mesmo que não queremos comer doces ou será que queremos comê-los todos? Sinto muito em dizer, mas ninguém pode ter tudo e o nada também não satisfaz.Chega o momento em que temos de fazer escolhas, porque são elas que nos permitem amadurecer, evoluir e ser felizes. Minha sugestão é para que nos devemos comprometer e apontar o doce que realmente queremos. Saboreá-lo com calma, sentindo a deliciosa oportunidade de nos comprometermos com ele. Entreguemo-nos a esta escolha e usufruamos do sabor peculiar e imperdoável que pode existir no amor, porque a vida não dura sempre nem existirá eternamente quem fique à espera.
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