quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

BELEZA


Existem situações muito tristes acontecendo na nossa sociedade, que não aparecem nas manchetes dos jornais, rádios e estações televisivas.
É a triste realidade em que vivem os nossos jovens e adolescentes, em relação à apologia da beleza, que deve ser cultivada a qualquer custo.
Os meios de comunicação social, que na disputa pelos primeiros lugares das vendas e audiências, não mostram as tragédias que assolam as almas frágeis das nossas crianças.
A anorexia é um desses problemas, que cada vez mais se alastra fazendo um número indeterminado de vítimas.
Crianças e jovens que se recusam a comer, a ingerir qualquer líquido, porque se acham demasiadamente gordos, embora estejam só de pele e osso.
Adolescentes que mutilam o corpo, ainda em formação, com cirurgias plásticas, silicone, remédios para emagrecer, mesmo que isso lhes custe a própria vida.
Jovens que não se conformam por não estarem dentro dos padrões de beleza estabelecidos pelos médias, e entram em depressão, apatia profunda, chegando a abandonar a vida pelas portas do suicídio.
Até quando suportaremos esta tirania da beleza, que em muitos casos também atingem os adultos?
Até quando permitiremos que sejamos vítimas desta insanidade generalizada que se abate sobre a sociedade, impondo sofrimento e dor? Até quando consentiremos que os valores sejam invertidos de tal forma que a vida passe a valer menos que a aparência física?
Desde quando é que a roupa vale mais do que quem a veste?
Desde quando é que o corpo vale mais do que o ser que o habita?
É imperioso parar um pouco para analisar os valores da vida, e evitar que seres humanos se percam nesta armadilha nefasta que é a ditadura da aparência.
Os médias não mostram o sofrimento das famílias que dariam tudo para que o familiar ingerisse um pedaço de pão ou um copo de água, para que continuem a respirar para sobreviverem.
Isso tudo acontece porque se convencionou estabelecer as medidas que um corpo precisa ter, o tipo de cabelo que se deve ter, a estatura ideal.
Oh meu Deus, o corpo é o instrumento da alma, e não deve valer mais que a própria alma.
A beleza do corpo está justamente no serviço que presta ao espírito, para o seu aperfeiçoamento intelectual e moral.
Quantos pais ou familiares se dedicam, integralmente, ano após ano, a cuidar dos filhos e dos seus familiares cujo corpo é deformado, e encontram nessa tarefa a sua razão de viver.
Sabem que a beleza que deve ser cultivada é a do ser imortal, que sobreviverá ao corpo, porque continuará o seu aperfeiçoamento pela eternidade fora.
É preciso pensar nisto com a urgência que o assunto requer.
É imperioso que pais e familiares não torturem os seus entes queridos com a ideia de que devam ser todos modelos de beleza física, mas para isso é preciso que também se dêem conta de que a aparência física não é o factor mais importante na vida.
O corpo por mais belo que seja, um dia será pó, e a alma que o habita o abandonará, mais cedo ou mais tarde, mas não sairá da vida.
O que precisamos deter é esta tirania da beleza exterior, que não leva em conta a verdadeira beleza que é a do espírito, como por exemplo, alma sã em corpo são.
Pensem nisto com amor, carinho e ternura, e libertemos as nossas crianças e os nossos familiares desses grilhões que a ilusão da beleza padronizada pelas conveniências lhes impõem.

Sem comentários: