quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

OS 54 ANOS DA ESCOLA DE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS (ETP)

«…os militares dividem-se em dois grandes grupos: os que saltam, e aqueles que jamais conhecerão essa maravilhosa sensação.»
Tenente-General Pára-quedista (R) Marcel BIGEARD
Existem unidades militares a quem o destino marcou encontro com a história e que apesar de relativamente jovens no seio das Forças Armadas Portuguesas geraram, pela qualidade da sua instrução específica e pelos heróicos actos em combate interpretados pelos homens aí formados, figuras mitológicas que povoam a imaginação dos comuns mortais: a ESCOLA DE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS (ETP) é uma delas.
No dia 23 de Maio p.f., esta unidade da Estrutura Base do Exército (desde 1JAN94), sedeada na vila de Tancos, irá assinalar a passagem do seu 54º aniversário com uma cerimónia militar, quiçá a mais participada e concorrida de todas aquelas que a sociedade castrense põe à vista dos portugueses.
Activada (23MAI56) e desenvolvida sob a tutela da Força Aérea, berço do pára-quedismo militar lusitano, para além de organicamente enquadrar e aprontar o Batalhão Operacional Aeroterrestre (BOAT) da Brigada de Reacção Rápida, esta unidade tem como missão principal ministrar «…cursos de formação na área do pára-quedismo militar e qualificações na área aeroterrestre, e participar em estudos técnicos no âmbito da actividade aeroterrestre.»
Pela relevância da sua missão e singularidade da sua instrução no seio das Forças Armadas, torna-se imperativo tributar os nossos leitores com uma narração sintética do que é o CURSO DE PÁRA-QUEDISMO MILITAR, o período de instrução mais característico e significativo para os pára-quedistas militares.
Pretende-se assim, desta forma, homenagear esta experiência com 54 anos de idade, valendo também, e muito, como testemunho, duma realidade vivida por mais de 44.000 portugueses.
O CURSO DE PÁRA-QUEDISMO MILITAR
O Curso de Pára-quedismo Militar não tem por última finalidade ensinar o homem a saltar em pára-quedas. Essa é a finalidade dos cursos desportivos civis, ministrados nos aeroclubes, onde jovens de ambos os sexos praticam esta actividade desportiva radical.
O Curso de Pára-quedismo Militar tem por finalidade «…ministrar aos instruendos os conhecimentos técnicos indispensáveis à execução de saltos em pára-quedas de abertura automática, com a máxima segurança, e instruções de treino físico militar específico, capazes de garantir as condições físicas indispensáveis ao salto, testando, além disso, a capacidade de resistência a esforços violentos e a fadiga prolongada.
O programa e a conduta da instrução visa, através dos programas parcelares, dos «castigos» estabelecidos, dos cerimoniais e da acção dos instrutores, verificar a resistência física e psicológica indispensável a futuros PÁRA-QUEDISTAS preparando-os para o desempenho das missões atribuídas às tropas aerotransportadas.»
Duas fases distintas e consecutivas, designadas ADAPTAÇÃO e CURSO DE PÁRA-QUEDISMO, com a duração aproximada de 6 semanas constituem, portanto, o tempo mínimo de preparação credível dos instruendos para estarem aptos a executar os seus primeiros 6 saltos, e com eles, obterem a sua qualificação aeroterrestre, expressa na imposição do distintivo de pára-quedista militar (vulgo brevê pára-quedista) e, a almejada mítica boina de cor “verde caçadores pára-quedista”.
Por ser um curso com horários e fichas de instrução regulamentares, ou seja uniforme e estruturado ao longo de décadas, com recurso a flagrantes pontuais e que ilustram diferentes épocas, deixamos os nossos “leitores pára-quedistas” entregues aos momentos mais comuns e carismáticos (parte física e parte técnica) que todos, certamente, irão recordar com orgulho e alguma nostalgia.


«23 DE MAIO»: DIA DA ESCOLA DE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS

(AUTOR : António Carmo in OPERACIONAL)












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