terça-feira, 12 de abril de 2011

ÓDIO


O ódio é um sentimento intenso de raiva. Traduz-se na forma da antipatia, aversão, desgosto, rancor, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objectivo. A palavra ÓDIO tem origem no latim odiu. No dicionário de português, o Ódio é um sentimento de profunda inimizade, uma paixão que conduz ao mal que se faz ou se deseja a outrem, a Ira contida, um rancor violento e duradouro, uma Viva repugnância, repulsão, horror, uma Aversão instintiva, antipatia. O ódio pode-se basear no medo a seu objectivo, já seja justificado ou não. O ódio é descrito com frequência como o contrário do amor, ou a amizade, enquanto que eu considero-o como a indiferença em oposição ao amor. O ódio não é necessariamente irracional. É razoável odiar pessoas ou organizações que ameaçam ou fazem sofrer. O Ódio é mais profundo que a Raiva. Enquanto a Raiva é predominantemente uma emoção, o Ódio é um sentimento. Paradoxalmente podemos dizer que o ódio é um afecto tão primitivo quanto o amor. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes, os quais reflectem mais ou menos o narcisismo fisiológico que nos faz pensar sermos muito especiais. Assim como o amor, só odiamos aquilo que nos for muito importante. Não há necessidade de ser-nos muito importantes as coisas pelas quais experimentamos Raiva, entretanto, para odiar é preciso valorizar o objecto odiado. Coloco a ideia de que existem apenas duas coisas na nossa existência, eu, o sujeito e o não-eu, o objecto, e tudo o que sentimos, desde o nosso nascimento, são emoções e sentimentos em resposta ao objecto, sendo imprescindível entendermos o objecto como tudo aquilo que não é eu, mais precisamente, tudo aquilo que não é a minha consciência. Assim sendo teremos os objectos do mundo externo ao sujeito, que são as coisas, os factos, os acontecimentos, e os objectos internos, que são os nossos órgãos, a nossa bioquímica, etc. Podemos sentir raiva, e outros sentimentos, em resposta a algum objecto externo (pessoa, trânsito, clube de futebol…) ou sentir ansiedade, e outros sentimentos, em resposta a algum objecto interno (diabetes, avc, cancro, etc…). Mas, de qualquer forma, o mundo objectual (do não eu) só pode ter valor se o sujeito o atribui. Para o sujeito nutrir sentimentos de ódio, é indispensável que atribua ao objecto do seu ódio um valor suficiente para fazê-lo reagir com esse tipo de sentimento. Obviamente, se ignorar o valor do objecto não poderá odiá-lo. Em termos práticos podemos dizer que a raiva, como uma emoção, não implica mágoa, mas em stress, e o ódio, como sentimento, implica uma mágoa crónica, uma angústia e frustração. Nenhum dos dois é bom para a saúde, e enquanto a raiva, através de seu aspecto agudo e stressante proporciona uma revolução orgânica bastante importante, às vezes suficientemente importante para causar um transtorno físico agudo, do tipo enfarte ou derrame (AVC), o ódio consome o equilíbrio interno cronicamente, mais compatível com o cancro, com a arteriosclerose, com os diabetes, hipertensão crónica. Isso significa que a Raiva e o Ódio não seriam contra-indicados aos seres humanos, apenas devido ao seu aspecto moral ou ético, mas sobretudo, devido ao seu aspecto médico. A força do ódio é muito grande, e de qualquer forma, o ódio tem uma predilecção especial para se nutrir das diferenças entre o outro e o eu, e de acordo com as observações clínicas, onde se cruza com o ódio existe inevitavelmente, um excesso de sofrimento físico e psíquico, sendo o sofrimento e o ódio tão próximos e íntimos que cada um acaba se torna a causa do outro.

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