O dia do sem abrigo começa ainda de noite, pela madrugada ao amanhecer..
Não conhece o futuro e não se quer lembrar do passado, mas o relógio, esse que não usa,tem-no na cabeça quase ao ritmo biológico que a vida lhe deu, devagar.
Procura talvez o primeiro momento ansiado do dia, talvez comer algo. Não tendo trocos, porque o que obtivera no dia anterior, não sobrou pois também não chegava para nada, e vai tentando cativar o transeunte na rua, na expectativa, da dita moedinha.
O transeunte acabado de acordar, vindo do quentinho e já com pequeno almoço tomado, encontra-se de mau humor, pois ainda não despertou para a realidade que se encontra á sua frente. E, como vê um suposto farrapo, supõe que o dinheiro seja para o álcool ou droga. Diz que não, ou por vezes segue sem balbuciar qualquer resposta.
Por sua vez o sem abrigo continua a sua jornada de luta, vai caminhando e levando respostas negativas e outras por vezes positivas, mas ainda não chega. Corre de contentor em contentor, de latão em latão em busca de sobras de comida ou qualquer outro género alimentício no meio do que todos nós já imaginamos.
Aos primeiros trocos e com um pão comido ou algo que se pareça, surge a tentação do álcool. Todos nós sabemos que seria mais útil, gastá-lo em mercearias para ir aconchegando o estômago, visto que a maioria nunca chega a enche-lo na totalidade. Mas, a lógica diz-nos que preferem esquecer o passado, presente ou futuro, para embarcarem por momentos em fantasia, afogando-se em álcool, criando amigos imaginários com quem conversam e desabafam, e chamamos-lhes malucos, mas não. Uns ficam de tal modo carentes, que nos agradecem com palavras sábias nunca antes ouvidas por um familiar ou outra pessoa. O que sentimos, o que pensamos?
Outros com o álcool, tem tendências agressivas fruto também de tantos pontapés que levaram e da miséria em que vivem. Outros furtam por vezes objectos, insignificantes e outros não, para depois venderem a troco de míseros trocos, mesmo assim negociados pelo comprador quase como em leilão. Ou seja, uma vida de crime, doença e desgraça. Algo que fez com que ficasse abandonado, sozinho e esquecido no mundo fora dos desígnios de Deus. E no decorrer do dia a dia lamenta-se, mas nada há a fazer.
Anoitece e o tempo está chuvoso, há que encontrar abrigo ao relento, debaixo da ponte, vão de escada, banco de jardim ou passeio. Junto leva consigo o simples cobertor achado no lixo e o cartão para servir de colchão vindo do mesmo local.
Estende-o, deita-se, acomoda-se o melhor que pode. Sabe que não tem o que fazer ou para onde ir, mas tem de dormir rápido.
Pois amanhã é outro dia!!!
Em Lisboa há 447 camas para os sem-abrigo, distribuídas por seis centros de acolhimento: Beato (271 camas), Xabregas (75) e Graça (26) resultam de parcerias que envolvem a autarquia lisboeta; o da Glória (35 camas) e Anjos (15) são da Santa Casa; e o de São Bento (55 camas) é mantido pela Associação dos Albergues Nocturnos de Lisboa. Segundo uma caracterização feita pela Câmara de Lisboa, foram identificados 1187 sem-abrigo na capital, durante o ano de 2007. Cerca de 83% destes são homens que ainda não atingiram a meia-idade. São sobretudo cidadãos portugueses, embora cerca de 12,9% sejam naturais dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e 12,1 por cento provenham de países do Leste europeu. O alcoolismo afecta praticamente metade desta população, associado, em 32% dos casos, à toxicodependência e, em 20%, a problemas mentais. A toda esta problemática social, cerca de 57% dos sem-abrigo têm rendimentos insuficientes, 34% estão ligados à prostituição, 30% declarou que não tinha quaisquer rendimentos e, por fim, 17% afirmaram estar desempregados.
Não conhece o futuro e não se quer lembrar do passado, mas o relógio, esse que não usa,tem-no na cabeça quase ao ritmo biológico que a vida lhe deu, devagar.
Procura talvez o primeiro momento ansiado do dia, talvez comer algo. Não tendo trocos, porque o que obtivera no dia anterior, não sobrou pois também não chegava para nada, e vai tentando cativar o transeunte na rua, na expectativa, da dita moedinha.
O transeunte acabado de acordar, vindo do quentinho e já com pequeno almoço tomado, encontra-se de mau humor, pois ainda não despertou para a realidade que se encontra á sua frente. E, como vê um suposto farrapo, supõe que o dinheiro seja para o álcool ou droga. Diz que não, ou por vezes segue sem balbuciar qualquer resposta.
Por sua vez o sem abrigo continua a sua jornada de luta, vai caminhando e levando respostas negativas e outras por vezes positivas, mas ainda não chega. Corre de contentor em contentor, de latão em latão em busca de sobras de comida ou qualquer outro género alimentício no meio do que todos nós já imaginamos.
Aos primeiros trocos e com um pão comido ou algo que se pareça, surge a tentação do álcool. Todos nós sabemos que seria mais útil, gastá-lo em mercearias para ir aconchegando o estômago, visto que a maioria nunca chega a enche-lo na totalidade. Mas, a lógica diz-nos que preferem esquecer o passado, presente ou futuro, para embarcarem por momentos em fantasia, afogando-se em álcool, criando amigos imaginários com quem conversam e desabafam, e chamamos-lhes malucos, mas não. Uns ficam de tal modo carentes, que nos agradecem com palavras sábias nunca antes ouvidas por um familiar ou outra pessoa. O que sentimos, o que pensamos?
Outros com o álcool, tem tendências agressivas fruto também de tantos pontapés que levaram e da miséria em que vivem. Outros furtam por vezes objectos, insignificantes e outros não, para depois venderem a troco de míseros trocos, mesmo assim negociados pelo comprador quase como em leilão. Ou seja, uma vida de crime, doença e desgraça. Algo que fez com que ficasse abandonado, sozinho e esquecido no mundo fora dos desígnios de Deus. E no decorrer do dia a dia lamenta-se, mas nada há a fazer.
Anoitece e o tempo está chuvoso, há que encontrar abrigo ao relento, debaixo da ponte, vão de escada, banco de jardim ou passeio. Junto leva consigo o simples cobertor achado no lixo e o cartão para servir de colchão vindo do mesmo local.
Estende-o, deita-se, acomoda-se o melhor que pode. Sabe que não tem o que fazer ou para onde ir, mas tem de dormir rápido.
Pois amanhã é outro dia!!!
Em Lisboa há 447 camas para os sem-abrigo, distribuídas por seis centros de acolhimento: Beato (271 camas), Xabregas (75) e Graça (26) resultam de parcerias que envolvem a autarquia lisboeta; o da Glória (35 camas) e Anjos (15) são da Santa Casa; e o de São Bento (55 camas) é mantido pela Associação dos Albergues Nocturnos de Lisboa. Segundo uma caracterização feita pela Câmara de Lisboa, foram identificados 1187 sem-abrigo na capital, durante o ano de 2007. Cerca de 83% destes são homens que ainda não atingiram a meia-idade. São sobretudo cidadãos portugueses, embora cerca de 12,9% sejam naturais dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e 12,1 por cento provenham de países do Leste europeu. O alcoolismo afecta praticamente metade desta população, associado, em 32% dos casos, à toxicodependência e, em 20%, a problemas mentais. A toda esta problemática social, cerca de 57% dos sem-abrigo têm rendimentos insuficientes, 34% estão ligados à prostituição, 30% declarou que não tinha quaisquer rendimentos e, por fim, 17% afirmaram estar desempregados.
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