Agressores sexuais apresentam deficiências neuropsicológicas
Conclusão é de um estudo realizado por Pedro Pombo, investigador da Polícia Judiciária
Conclusão é de um estudo realizado por Pedro Pombo, investigador da Polícia Judiciária
Não é possível identificar um agressor sexual pela idade, profissão ou estrato social. É mesmo errado tentar traçar o seu perfil, «porque muitas vezes são as pessoas que menos se espera». O alerta é lançado por Pedro Pombo, investigador da Polícia Judiciária e autor do estudo «Abusadores sexuais. Uma perspectiva neuropsicológica».
Já quanto ao nível neuropsicológico, pode encontrar-se uma linha comum: «Apresentam graves deficiências ao nível da atenção, memória ou funções executivas». A conclusão de Pedro Pombo está presente na sua tese de doutoramento, na qual analisou 13 condenados por agressão sexual, através de vários exames, como uma ressonância magnética e testes neuropsicológicos.
«Foi realizado o teste de Rorschach e quando invocavam uma imagem apenas se lembravam dos pormenores banais. Transportando para o caso das agressões sexuais, quando um pedófilo olha para uma criança apenas a vê como um objecto sexual e não como um criança», explica o investigador.
Outra das semelhanças encontradas nos indivíduos analisados é a incapacidade de travar impulsos. «Um dos indivíduos analisados, quando lhe pedi para dobrar uma folha uma vez, ele dobrou três ou quatro, porque não é capaz de parar. O mesmo acontece quando estão a praticar a agressão sexual», esclarece Pedro Pombo, sublinhando que «não se depreendeu qualquer deficiência anatómica» nestes agressores.
Acessibilidade a crianças é factor para cometer pedofilia
No caso dos pedófilos, a maior parte dos agressores sexuais têm acesso a crianças. «A maioria são pais, pessoas conhecidas e, muitas vezes, aquelas que menos se espera», afirma o investigador, baseado em dados da Polícia Judiciária relativos aos anos entre 2003 e 2007.
A maioria dos abusos sexuais é praticada no interior do seio familiar, principalmente entre pais e filhos, seguido por pessoas conhecidas ou vizinhas. Os pais ocupam mesmo o topo da tabela de agressores. Já as mães são quem mais denuncia este tipo de crime. Relativamente ao género não há dúvida que os homens são quem mais pratica este tipo de agressão, sendo 93% das agressões sexuais referenciadas levadas a cabo por elementos do sexo masculino.
Quanto ao local onde são praticadas as agressões, o local de residência é aquele em que o crime ocorre com mais frequência.
Celibato não está relacionado com agressões sexuais
Nos últimos dias têm sido noticiados vários casos de pedofilia que envolvem elementos da Igreja Católica. Em Portugal, entre 2003 e 2007 foram indiciados dez padres por pedofilia, seis deles só no último ano referenciado.
Questionado sobre a possível relação entre o celibato e o facto de ocorrerem estes crimes, Pedro Pombo afirma não acreditar que exista qualquer relação. «A maioria dos indivíduos que pratica estes crimes é casada e isso não afecta o seu comportamento. Os padres são seres humanos como os outros e também cometem crimes», justifica.
Os números vão de encontro à teoria defendida pelo investigador. Dos 5.128 analisados, apenas dez pertencem a padres, contra 720 que são perpetrados pelos pais.
«Abuso passa muitas vezes de geração em geração»
Defendendo que é difícil prever quem vai cometer este tipo de crimes, Pedro Pombo afirma que deve existir um acompanhamento mais rigoroso em relação às pessoas que já o cometeram. «Nos 13 casos analisados há alguns de indivíduos que já foram abusados e passou de geração em geração», argumenta.
Outros conselhos deixados por este investigador para que os números de crimes de agressão sexual possam baixar nos próximos anos passam pelos aumento de alertas por parte das autoridades e pelo facto de pais e crianças terem atenção na escola e, ao mínimo caso suspeito, denunciarem a situação.
Defendendo que é difícil prever quem vai cometer este tipo de crimes, Pedro Pombo afirma que deve existir um acompanhamento mais rigoroso em relação às pessoas que já o cometeram. «Nos 13 casos analisados há alguns de indivíduos que já foram abusados e passou de geração em geração», argumenta.
Outros conselhos deixados por este investigador para que os números de crimes de agressão sexual possam baixar nos próximos anos passam pelos aumento de alertas por parte das autoridades e pelo facto de pais e crianças terem atenção na escola e, ao mínimo caso suspeito, denunciarem a situação.
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