sexta-feira, 1 de maio de 2009

DESABAFO PROFÉTICO

Faz parte da natureza humana sonhar e idealizar as mais variadas realizações.
Quem se espera enganar?
Afinal, a proposição da reforma íntima atinge primeiramente o próprio interessado. Propostas são abandonadas que depois fazem lembram projectos que se iniciam e não se realizam. São barcos que jamais alcançam o mar. Textos sem ponto final. Obras que não saem da imaginação do artista. Músicas jamais executadas. Flores que não desabrocharam. Amores inconfessados. Desenhos que nunca passaram para um papel. Promessas não cumpridas. Sonhos abandonados.
Os dias passam rápidos.
As folhas brotam, crescem e depois caem das árvores, enquanto as pessoas passam os seus dias adiando partidas, retardando começos e cancelando mudanças. E o que poderia acontecer de modo voluntário, acaba tornando-se obrigatório. A vida, um dia, há-de-nos cobrar pelas realizações que nos caberiam e que não levamos a bom porto. Que realizações serão essas? Grandes feitos? Conquistas retumbantes?
Não. Por certo, as mais significativas missões que nos foram confiadas têm o objectivo de domesticar e aperfeiçoar as nossas próprias imperfeições.
"Ah! Mas é tão difícil vencer hábitos antigos!" - poderíamos argumentar. No entanto, mais difícil ainda será conviver para sempre com costumes infelizes que amargam a nossa existência e a daqueles que nos rodeiam.
Projectos inacabados, por certo, temos vários. Qual deles retomar e concluir de uma vez por todas? Cada um de nós deverá saber qual é o mais urgente e o mais viável, por agora. Trata-se de uma decisão intransferível e inadiável. É chegada a hora de realizar e de transformar. É hora de abandonar as desculpas que nos serviram de muletas por tantos séculos, retardando-nos, no mesmo compasso de atraso e de teimosia desmedida.
Que o dia da tal decisão seja uma marca significativa na linha do tempo das nossas existências. Pouco importa que dia da semana seja. Não interessa em que mês do ano estejamos. Não há porque esperar por outra oportunidade porque não existirá tempo para experiências.
Oportunidades são como brisas que surgem rapidamente e se vão de igual forma, deixando marcas e sofrimento que dificilmente desaparecerá.
Não há motivo real e justo para permanecermos parados enquanto a vida nos chama a realizar a nossa própria felicidade.
Coragem, determinação, fé e disposição hão-de ser a inspiração que nos faltava.
Não amanhã, mas sim, hoje.
Não depois, mas sim, a partir de agora.

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