segunda-feira, 19 de maio de 2008
A TERAPIA DO SORRISO
Sorrir torna a vida mais fácil. Ajuda a vencer a timidez, por exemplo, e há até quem defenda a teoria de que, nas adversidades, a melhor política é rir. Talvez porque “quem ri seus males espanta”.
Quem sabe se por isso existe já uma certa terapia do riso. Pelo menos uma terapia da boa disposição. Nos cuidados médicos, acredita-se, aliás, que a disposição emocional dos doentes influencia o seu estado de saúde. Diversos estudos científicos têm provado isso mesmo, que uma atitude positiva é decisiva na recuperação dos doentes. De tal forma que muitos hospitais, sobretudo os pediátricos e em Portugal também, estão a apostar em equipas de animação, que entretêm as crianças, numa base regular e continuada. O resultado é que ficam mais activas, movimenta-se e comunicam mais, alimentam-se melhor e resistem menos aos exames médicos. Tudo somado é meio caminho andado para deixarem o hospital mais cedo.
Há muito que os especialistas acreditam que as pessoas bem humoradas se defendem melhor das agressividades da vida, das físicas e das emocionais. Pelo contrário, quem acumula ressentimentos e irritações, tem maior tendência para desenvolver problemas de saúde.
Aliás, sabe-se que o mau humor constante pode estar associado a uma depressão, ainda que leve. São pessoas que se queixam de dores e cansaço, mas cuja origem física os médicos não identificam.
Os mais recentes estudos, desenvolvidos nomeadamente por universidades norte-americanas, concluíram mesmo que o estado de espírito e de humor actuam directamente sobre a nossa imunidade. São estudos que sugerem que há uma maior incidência de cancro em pessoas depressivas, embora esta relação não esteja cientificamente comprovada.
O que está comprovado são as virtudes do riso. Uma gargalhada vigorosa activa a musculatura facial, dos braços e do tórax, aumenta a quantidade de oxigénio e de sangue que irriga os tecidos e órgãos do nosso corpo. O humor, o bom humor, interfere de facto sobre a bioquímica do nosso organismo, e é que quando se dá uma reacção positiva, entram em campo as endorfinas, substâncias que actuam nos terminais nervosos das células, responsáveis pela sensação relaxante que sentimos após a tal gargalhada.
Tudo boas razões para rir. Ou pelo menos sorrir, mesmo aos desconhecidos com que nos cruzamos na rua, no autocarro ou no café.
Rir é o melhor remédio?
Pode não ser o melhor remédio, mas ajuda muito. Está provado que o bom humor é um tónico para a saúde e que uma atitude positiva contribui para a recuperação dos doentes.
Na rua, no autocarro, no café, cruzamo-nos com muitas outras pessoas, mas não conhecemos nenhuma. Uma paisagem de semblantes fechados, lábios cerrados, olhares distantes, em que o sorriso rareia. Aliás, sorrir espontaneamente para um desconhecido é até visto como um gesto de ingenuidade, nele não se reconhecendo a simpatia de quem assim sorri.
E, no entanto, nada mais natural do que o sorriso. Longe de ser um gesto social ditado pela educação, o sorriso é uma mímica que nasce espontaneamente no momento em que se sente uma emoção agradável. Pode ser surpresa, pode ser bom humor, pode ser divertimento.
Que o digam mães e pais, os maiores especialistas em sorrisos, desvanecidos ao menor entreabrir de lábios dos seus rebentos, uma promessa de sorriso que vale por uma fortuna. Os bebés sorriem mesmo quando estão sós e antes dos três meses, quando ainda não têm capacidade para reconhecer o que os rodeia.Mais tarde, é o olhar para quem confiam, para quem os ama, que desencadeia um sorriso aberto. E mesmo os bebés cegos, não reproduzindo qualquer gesto, na medida em que não vêem, esboçam os mesmos sorrisos, perante uma situação agradável.
O sorriso é uma janela para a alma. É através dele que enviamos aos outros mensagens de abertura e benquerença. Ele é a base da comunicação humana: quando nos saudamos com um sorriso estamos a reconhecermo-nos como seres humanos. Pelo menos quando o sorriso é verdadeiro, genuíno. E quando é assim não são apenas os lábios que se entreabrem, também os olhos riem.
É claro que existe o sorriso falso, o sorriso de conveniência, ferramenta do relacionamento social. Por isso se desconfia de quem exibe uma delicadeza excessiva, sorrindo de igual forma para todos. E todavia dos outros esperamos sorrisos, de quem nos atende ao balcão de uma loja, no caixa do supermercado, num qualquer departamento da administração pública. A verdade é que do outro lado estão desconhecidos, mas quando, em vez do sorriso, nos recebem com palavras secas e gestos mecânicos, ficamos desagradados.
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