segunda-feira, 15 de outubro de 2012

CORAGEM

Consideras-te uma pessoa de coragem?
E, se tens coragem, também tens força suficiente para suportar os desafios da tua caminhada na vida?
Em muitas ocasiões da vida, não sabemos avaliar o que realmente precisamos: se de força ou de coragem. E existem momentos em que precisamos das duas virtudes conjugadas.
Existem situações que nos exigem muita força, mas há horas em que a coragem se torna mais necessária.
É preciso ter força para ser firme, mas é preciso coragem para ser gentil. É preciso ter força para ganhar uma guerra, mas é preciso coragem para a rendição. É preciso ter força para estar certo, mas é preciso coragem para admitir a dúvida ou o erro. É preciso ter força para nos mantermos em forma, mas é preciso coragem para ficar de pé. É preciso ter força para sentir a dor de um amigo, mas é preciso coragem para sentir as próprias dores. É preciso ter força para esconder os próprios males, mas é preciso coragem para demonstrá-los. É preciso ter força para suportar o abuso, mas é preciso coragem para fazê-lo parar. É preciso ter força para fazer tudo sozinho, mas é preciso coragem para pedir apoio. É preciso força para enfrentar os desafios que a vida oferece, mas é preciso coragem para admitir as próprias fraquezas.
É preciso força para buscar o conhecimento, mas é preciso coragem para reconhecer a própria ignorância. É preciso força para lutar contra a desonestidade, mas é preciso coragem para resistir às suas investidas. É preciso força para enfrentar as tentações, e é preciso coragem para não cair nas suas armadilhas. É preciso ter força para gritar contra a injustiça, mas é preciso muita coragem para se ser justo. É preciso força para pregar a verdade, mas é preciso coragem para se ser verdadeiro. É preciso força para levantar a bandeira da paz, mas é preciso coragem para construí-la na própria intimidade. É preciso ter força para falar, mas é preciso coragem para se calar.
É preciso força para lutar contra a insensatez, mas é preciso coragem para ser sensato. É preciso ter força para defender os bens materiais, mas é preciso coragem para preservar o património moral. É preciso ter força para amar, mas é preciso coragem para ser amado. É preciso ter força para sobreviver, mas é preciso coragem para aprender a viver.
Enfim, é preciso ter muita força para enfrentar as batalhas do dia-a-dia, mas é preciso muita coragem moral, para nos vencermos a nós mesmos.
Força e coragem são duas virtudes com as quais podemos conquistar grandes vitórias, e a maior delas é a vitória sobre as próprias imperfeições.
A coragem de nos vencermos a nós próprios antes que pretendamos vencer o próximo, de desculparmos antes de esperar sermos desculpados e de amarmos apesar das decepções e desencantos, revela o verdadeiro ser humano, o legítimo homem de valor.
Por esta razão a coragem é calma, segura, fonte geradora de equilíbrio que alimenta a vida e eleva o ser humano aos altos cumes da glória e da felicidade total.

DESABAFO PROFÉTICO

Por vezes, erguemo-nos pela manhã envoltos em nuvens de tristeza. Se alguém nos perguntar a causa, com certeza não saberemos responder.
Naturalmente, atravessamos as nossas dificuldades. Não há quem não as tenha. É o filho que não vai bem na escola, o marido que vive a incerteza do desemprego, um leve transtorno de saúde, a solidão instalada dentro de nós, etc, etc, etc.
Nada, contudo, que seja motivo para a tristeza profunda que nos atinge.
Nesse dia tudo parece difícil. Saímos de casa e a entrevista marcada não se concretiza. A pessoa que marcou hora connosco cancelou por compromisso de última hora. E lá se vão as nossas esperanças de emprego, outra vez. O material que vimos anunciado com grande desconto já se esgotou nas prateleiras, antes da nossa chegada. A fila no banco está enorme, o cheque que fomos receber não tinha saldo suficiente.
É, nada dá certo mesmo. Dizemos que nem deveríamos ter saído de casa, nesse dia. Agora, à tristeza soma-se o desalento, o desencanto.
Consideramo-nos a última pessoa sobre a face da Terra. Infelizes, abandonados, sozinhos. Ninguém que nos ajude.
O que está errado, então? Com certeza, a nossa visão do que nos acontece.
Quando a tristeza nos invade no nascer do dia, provavelmente tivemos encontros espirituais, durante o sono físico, que para isso colaboraram.
Seja porque buscamos companhias não muito agradáveis ou porque não nos preparamos para dormir, com a oração. Seja porque reencontramos amores preciosos e os temos que deixar para retornar à nossa batalha diária, entristecendo-nos sobremaneira.
Ao nos sentirmos assim procuremos de imediato a luz da oração, que fortalece e ilumina, espancando as sombras do desalento.
Abrir as janelas, observar a natureza, mesmo que o dia seja de chuva e frio. Verifiquemos como as árvores, quando castigadas pelos ventos e pela água, balançam ao seu compasso. Passada a tempestade, recompõem-se e continuam enriquecendo a paisagem com os seus galhos, folhas, flores e frutos. Olhemos para as flores. Mesmo que a chuva as despedace, elas, generosas, deixam as suas marcas coloridas pelo chão, ou permitem-se arrastar pela correnteza, criando um rio de cores e perfumes pelo caminho.
Aprendamos com a natureza e afugentemos o desânimo com a certeza de que, depois da tempestade, retornará o tempo bom, o sol, o calor. Não nos permitamos sintonias inferiores, porque se vibrarmos mal, vamo-nos sentir mal e, naturalmente, tudo se tornará mais difícil.