terça-feira, 15 de abril de 2008

CANÇÃO DA VIDA


Como as pedras que nascem das flores,
assim como veias que irrigam o corpo,
que produzem um poema,
que se ergue da confusão da carne,
assim nasce o homem-poeta,
o inconfundível profeta,
artesão secular da palavra pintada pelo tempo,
palavra que tanto faz,
amassada como o barro ferrugento,
trabalhada como fosse uma obra prima.
Mas os punhos que ele usa,
são os punhos da vida,
vida ingrata e injusta,
que quando aprendiz,
olha com os olhos arregalados,
como luas desnorteadas,
nos berços dos recém-nascidos na idade da inocência.
E quando cresce,
a vida transforma-se num outono eterno e sábio,
sentada em memórias de sangue,
coberta com dor e sofrimento,
mas também de lírios,
que com o seu perfume dão alegria e paz,
e crianças ouvem à lareira lindas histórias,
ouvem com ouvidos de ouvir,
as palavras agrestes que rasgam qualquer surdez da alma,
qualquer nada interior.

À DOR


As Pessoas sofrem,
As letras choram,
Palavras magoadas suplicam,
Sentimentos feridos,
carícias solicitadas.
Um beijo arrasador,
O calor de uma flor a secar,
A beleza do canto dos pássaros a morrer.
A alma do poeta sangra,
O íntimo do apaixonado magoado,
gotas de versos sujos de ciúme.
A tristeza invade o íntimo,
Corrói a alma e faz estragos emocionais.
Noites perdidas sem descanso, fazem :
O pavor, o horror, o torpor, o medo sem cor.
Pelas esquinas imundas do mundo interior,
Pelas ruas de um mundo hipócrita e sem valores,
Pelos becos da amargura e da dor,
o ser desesperado blasfema,
o fogo avassalador das lágrimas queimam todo um ser.
Queimam a alma desesperada,
O pobre coração destroçado,
Que de joelhos implora,
Que de rastos suplica,
Que destroçado roga,
a clemência piedosa,
o perdão divino,
as desculpas celestiais,
da ingrata vida,
da vida estúpida,
da vida ingrata,
da vida que nos prega partidas.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

SEM COMENTÁRIOS


COMENTÁRIOS PARA QUÊ? O TEXTO DA FOTO NÃO PODERIA SER MAIS EXPLÍCITO. ESTA FRASE DÁ QUE PENSAR E MUITO.

DESABAFO NOCTURNO


Existem momentos em que aleijamos as pessoas que mais amamos, e muitas vezes não podemos sarar a ferida que deixamos. Nestes momentos, devemos tentar parar e pensar nas nossas atitudes, a fim de evitar que os danos seja grandes.
Não há nada pior que o arrependimento e a culpa, porque é o que faz mais estragos ao coração e à mente.
Pensem nisto.

ATITUDES HUMANAS


O homem é um animal como outro qualquer, só que dotado de inteligência. Será o homem mesmo inteligente ou tem apenas os sentidos mais aguçados do que os outros animais?
Deus deu ao ser humano um pouco mais de discernimento do que aos outros animais, deu ao homem o livre arbítrio, o poder de fazer o que ele quiser, porque ele, ser humano, pode fazer tudo o que quiser, mas é preciso que ele saiba que terá que dar conta dos seus actos, todos eles, senão hoje, amanhã ou depois, mesmo depois da sua morte, é precisos ter inteligência para ver que "tudo posso, mas nem tudo me convém".
Quando analisamos que "nem tudo me convém", então estamos sendo inteligentes, estamos procurando discernir entre o bom e o mau, não entre o que é do bem ou do mal, mas o que é bom ou mau para nós mesmos.
Quantas vezes tomamos decisões que depois nos arrependemos? O arrependimento não minimiza as nossas dores, nem nos absolve dos nossos actos impensados, mas poderá contudo levar-nos à reflexão e à correcção das nossas atitudes.
Quantas vezes fazemos coisas que sabemos não serem certas? Todas as vez que insistimos em fazer uma coisa que sabemos não estar correcta, mas que nos trará alguma vantagem ou prazer, devemos levar em conta as consequências do nosso acto e toda a responsabilidade que isso nos acarretará, porque em tudo há risco e temos um preço a pagar por cada atitude nossa.
Quantas vezes decidimos assumir os riscos das nossas decisões, mesmo sabendo que não são adequadas?
Há quatro coisas no mudo que não voltam jamais:
1 – A seta atirada ( ninguém consegue fazê-la voltar para o arco).
2 – A água que correu (águas passadas não movem moinhos).
3 – A palavra proferida (jamais volta atrás, o dito está dito).
4 – A oportunidade perdida (aproveitar as chances, pois elas não voltam mais).
Errar tentando acertar é uma coisa. Errar pelo simples prazer de errar, sabermos que estamos errados, mas, mesmo assim praticarmos o acto só para contrariar regras e princípios, esse, é o pior de todos os erros, porque a nossa vida é uma sequência de decisões, se decidirmos erradamente.
Será correcto tomarmos atitudes, fazermos coisas com a nossa vida não nos importando se com isso vamos ou não influenciar a vida dos outros? Podemos em sã consciência fazer uso do nosso livre arbítrio para fazer o que queremos, sem nos preocuparmos com as consequências?
Temos que ficar debaixo das regras da convivência, dos bons costumes, da moral, da ética ou podemos fazer as nossas próprias regras, sem nos importarmos com as consequências?
Agir correctamente é uma prerrogativa somente das pessoas dotadas de inteligência? Se assim o fosse, nós viveríamos num mundo caótico, pois, grande parte da população do nosso país é analfabeta ou quase isso.
O que será agir e pensar correctamente? Existirá alguma cartilha que nos mostre como devemos agir?
Quanto era criança, aprendi que devemos agir sempre segundo a nossa consciência e para isso é preciso termos uma consciência, que se forma na nossa infância e adolescência e se desenvolve quando ficamos adultos, que a nossa consciência é formada pelas coisas que aprendemos e vamos armazenando ao longo do nosso desenvolvimento intelectual durante a criancice, a puberdade, a juventude.
Pensemos um pouco nos nossos semelhantes, analisemos as nossas atitudes para com eles, reflictamos no que temos feito e ficaremos envergonhados de nós mesmos.

sábado, 12 de abril de 2008

DIA DE LUZ


O despertador toca e tu acordas. Abres os olhos e tornas a contemplar as mesmas cenas do ontem. Pela sua mente ágil, as dores sofridas passam em cenário cinematográfico. Tu sentes o corpo dolorido e cansado. Na boca, o gosto da amargura fere-te o paladar, como gotas de fel.
Novo dia. Contudo, embora a noite de sono, não serão novas as lutas. Os problemas financeiros não se solucionaram no intervalo de algumas horas. A enfermidade que se abateu não partiu. Ao contrário, tu sentes mais presente do que nunca, nos gemidos que já te chegam aos ouvidos.
Há que erguer-se do leito e retornar às lutas. A mesma luta.
Tu sentes desânimo e pensas: "por que não sofro? "Sinto-me exausto, e não desejo mais sofrer, nem lutar."
No entanto, os minutos correm rapidamente e há que voltar às actividades. Entre a tristeza e o desalento, tu ergues-te e abres a janela. Neste instante, o sol bate-te em cheio na cara e inunda o teu quarto. Faz-se luz e a luz trava as trevas. É um novo dia, informa-te o sol. Há alegrias no ar, cantam os pássaros. A brisa da manhã envolve-te e a natureza toda convida-te a reformular as tuas disposições íntimas.
Para um bocado. Enche com o ar renovado da manhã os teus pulmões. Respira profundamente. Contempla o azul do céu. É um dia novo.
Pensa em quantas pessoas gostariam de estar no teu lugar agora.
Enfermidade, dor, desemprego são problemas a serem administrados e equacionados, ao longo da existência.
Recorda-te que tens mais um dia de luz para tu treinares, outra vez, disciplina, paciência, perdão, amor, honestidade, verdade. Não perca a oportunidade. Não jogues fora as chances de crescimento e do resgate da alma, de ti mesmo. E hoje, enquanto tu sofres, lutas e esperas, alegra-te com os sons da vida, com o sorriso das crianças, com o colorido da natureza, com a beleza do amor.
Sorria. As lutas poderão ser semelhantes, mas não idênticas. Porque dia como este nunca houve e não haverá outra vez. Detém-te a descobrir detalhes e observa a riqueza que o circunda. Nada será igual ao que já foi.
Desfrute deste dia integralmente, porque dia igual a este só se vive uma vez. Cada dia é uma bênção nova. Cada minuto é uma oportunidade espontânea de crescimento.

PROFECIA - X V I I I : "O CÉU E O INFERNO"


Tanto o céu como o inferno, são estados de alma que nós próprios elegemos no nosso dia-a-dia.
A cada instante somos convidados a tomar decisões que definirão o início do céu ou o começo do inferno.
É como se todos fôssemos portadores de uma caixa invisível, onde houvesse ferramentas e materiais de primeiros socorros.
Diante de uma situação inesperada, podemos abri-la e lançar mão de qualquer objecto do seu interior.
Assim, quando alguém nos ofende, podemos erguer o martelo da ira ou usar o bálsamo da tolerância.
Visitados pela calúnia, podemos usar o machado da vingança ou a gaze da autoconfiança.
Quando a injúria bater na nossa porta, podemos usar o aguilhão da vingança ou o óleo do perdão.
Diante da enfermidade inesperada, podemos lançar mão do ácido dissolvente da revolta ou empunhar o escudo da confiança. Ante a partida de um ente querido, nos braços da morte inevitável, podemos optar pelo punhal do desespero ou pela chave da resignação.
Enfim, surpreendidos pelas mais diversas e infelizes situações, poderemos sempre optar por abrir abismos de incompreensão ou estender a ponte do diálogo que nos possibilite uma solução feliz.
A decisão depende sempre de nós mesmos. Somente da nossa vontade dependerá o nosso estado íntimo.
Portanto, criar céus ou infernos, portas dentro da nossa alma, é algo que ninguém poderá fazer por nós.

PROFECIA - X V I I : "O DEVER"


O dever é a lei da vida. Com ele deparamos nas mais ínfimas particularidades, como nos actos mais elevados.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de cumprir-se, por se achar em antagonismo com as atracções do interesse e do coração. Não têm testemunhas as suas vitórias e não estão sujeitas à repressão as suas derrotas.
O dever principia, para cada um de nós, exactamente no ponto em que ameaça a felicidade ou a tranquilidade do nosso próximo, e acaba no limite que não desejamos que ninguém transponha em relação a nós.
O dever é o mais belo prémio da razão.
O homem tem de amar o dever, não porque preserve de males a vida, males aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque confere à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever cresce e irradia sob a mais elevada forma, em cada um dos estágios superiores da humanidade.

CHORAR


Há quanto tempo tu não choras?
Há quanto tempo os teus olhos não são inundados por lágrimas, por estas pequenas gotas que parecem nascer no nosso coração? Há quanto tempo?
Assim como o fenómeno natural da precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra, a água e o ar, também as nossas lágrimas têm tal função. A de limparem o nosso íntimo, a de exteriorizar as nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.
Precisamos aprender a expressar os nossos sentimentos.
A nossa cultura possui conceitos arraigados, como o de que “homem não chora”, ou que “é feio chorar”, que surgem nas nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e acabam por criarem raízes na nossa alma, continuando a apresentar manifestações na vida adulta.
Sejamos homens ou mulheres, saibamos que todos nós rumamos para a busca da sensibilidade, do autodescobrimento, e da expressão dos nossos sentimentos.
Tudo que deixarmos guardado virá à tona, mais cedo ou mais tarde.
Se forem bons os sentimentos contidos, estaremos perdendo uma oportunidade valiosa de trazê-los ao mundo, melhorando as nossas relações com o próximo e connosco mesmo. Se forem sentimentos desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los, de analisá-los, e de tomar providências para que possam ser erradicados do nosso interior.
As barreiras que nos impedem de emocionar, de chorar, são muitas vezes as mesmas que nos fazem pessoas fechadas e retraídas. Barreiras que carecemos romper, para que os nossos dias possam ser mais leves, mais limpos, como a atmosfera que recebe a água da chuva, e nela encontra a sua purificação.
As chuvas dos olhos fazem um bem muito grande. Desabafar, colocar para fora o que angustia o nosso íntimo, ou o que lhe dá alegria, é um exercício precioso. Um hábito salutar.
Dizer a alguém o quanto o amamos, quando este sentimento surgir no nosso coração, mesmo sem um motivo especial, será sempre uma forma de fortalecimento dos laços afectivos, de construção de uma união mais feliz, e principalmente, um recurso para elevarmos a nossa auto-estima, o nosso auto-amor.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

PROFECIA - X V : "A DOR"


A dor pode ser comparada ao instrumental de um hábil escultor. Com destreza e precisão técnica, ele vai buscar uma pedra dura como o mármore, por exemplo, e pacientemente transforma-a numa obra de arte, para encanto das pessoas.
A beleza da pedra só aparecerá aos golpes duros do cinzel, na monotonia das horas intermináveis de esforço e trabalho.
Assim como a pedra se submete à lapidação das formas para se tornar digna de admiração, somente os corações que permitem à dor esculpir a sua intimidade, adquirem o fulgor das estrelas e o brilho sereno da lua, e podem amar, amar com pureza de sentimento.