sábado, 21 de novembro de 2009

RESISTIR UM POUCO MAIS


Existem dias em que temos a sensação de que chegamos ao fim da linha.Não conseguimos vislumbrar uma saída viável para os problemas que surgem em grande quantidade. Fazemos parte deste mundo cheio de provas e expiações, desta escola chamada terra, e já devemos ter passado por um desses dias, e pensado em desistir. No entanto vale a pena resistir. Resistir um pouco mais, mesmo que as feridas latejem e que a nossa coragem esteja enfraquecida. Resistir mais um minuto e será fácil resistir aos demais. Resistir mais um instante, mesmo que a derrota seja um ímã, mesmo que a desilusão caminhe na nossa direcção. Resistir mais um pouco mesmo que os pessimistas digam para pararmos, mesmo que a nossa esperança esteja no fim. Resistir mais um momento mesmo que não possamos avistar ainda a linha de chegada, mesmo que a insegurança brinque à nossa volta. Resistir um pouco mais, ainda que a nossa vida esteja sendo pesada na balança dos insensatos, e nos sintamos indefesos como um pássaro de asas partidas.As dores, por mais amargas, passam. Tudo passa. A ilusão fascina, mas se desvanece. A posse agrada, porém transfere-se de mãos. O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa. O prazer alegra, todavia é efémero. A glória terrestre exalta e desaparece. O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido. Tudo, nesta vida, tem um propósito. A dor aflige, mas também passa. A carência aflige, porém, um dia desaparece. A debilidade física deprime, todavia, liberta-se nas paixões. O silêncio que entristece, leva à meditação que felicita. A submissão aflige, entretanto fortalece o carácter. O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina o homem a conquistar-se. A situação muda, como mudam as estações. O verão brinca de esconde-esconde com a brisa morna, mas cede lugar ao outono, que espalha as suas cores sobre a folhagem. O inverno chega e, sem pedir licença, congela a brisa e derruba as folhas. Tudo parece sem vida, sem cor, sem perfume.
Será o fim?
Não.
Eis que surge a primavera e estende os seus tapetes multicoloridos, espalhando o perfume no ar e fazendo florescer novamente a paisagem.
Assim, quando as provas nos baterem à porta, não nos devemos deixar levar pelo desejo de desistir, mas sim resistir mais um pouco. Resistir, porque o último instante da madrugada é sempre aquele que puxa a manhã pelo braço. E essa manhã bonita, ensolarada, sem algemas, nascerá para nós em breve, desde que nós resistamos. Resistir, porque alguém que amamos está sentado na arquibancada do tempo, torcendo muito para que nós vençamos e ganhemos o troféu que tanto desejamos: a felicidade eterna ao lado de quem amamos.
Não nos devemos deixar abater pela tristeza, porque todas as dores terminam.
Aguardemos que o tempo, com as suas mãos cheias de bálsamo, tragam o alívio.

Sem comentários: