terça-feira, 10 de novembro de 2009

TESTEMUNHO PROFÉTICO


Quem acha que perder é ser pequeno na vida.
Levo a vida devagar, para não me faltar o amor.
No mundo da vitória a qualquer custo, dos vencedores de berço e coisa e tal, é necessário pensar um pouco sobre tudo isto.
Todos queremos vencer, é certo.
Adianta vencer profissionalmente, ter sucesso e fama, se nos falta o amor?
Adianta ser considerado um vencedor na carreira, na arte, se, como pais, cônjuges, filhos, irmãos, amigos, somos uns verdadeiros derrotados?
Vale a pena vencer a qualquer custo? Esse não seria um comportamento deveras sensacionalista, sem considerar a vida como um todo, incluindo uma continuidade além-túmulo?
Será que os vencedores são apenas aqueles que conseguem, neste país de tantas dificuldades, de tanta hipocrisia, de tanta mentira, com a falta de honra, ética e dignidade, concluir um ensino superior?
Será este o nosso único critério de vitória? A formação intelectual, as conquistas profissionais e as riquezas acumuladas?
Seria certamente uma vitória muito pobre.
Criar um vencedor é criar um homem de bem, que saiba valorizar o amor e os relacionamentos saudáveis acima de tudo.
Criar um vencedor é ensiná-lo a perder, e sobretudo saber lidar com as derrotas da vida, procurando extrair delas uma lição preciosa de engrandecimento moral.
Aparentes derrotas são preparações fundamentais para que as grandes vitórias sejam possíveis, e por isso, levar uma vida devagar, pode significar dar mais atenção à família, pode significar dar-se mais aos outros.
Na vida de quem não falta amor, há sempre muitas, e inesquecíveis vitórias.
Venci, o mundo, a mim mesmo, e a minha falta de visão clara sobre as coisas.
Venci a vontade de querer mais, e troquei pela vontade se "ser" mais.
Venci a inércia, a vontade de não ter vontade, e me atirei ao mundo, de braços abertos, sem esperar nada das pessoas e nem de mim.
Não sou vencedor aos olhos do mundo, mas a minha vitória é secreta, quieta, segura, porque é muito minha.
Amo mais a cada dia que passa, e cada dia me ama mais.
Vivo um amor plenamente correspondido com a vida.
Venci, sim, a mim mesmo, e a minha consciência me aplaude, mas ao mesmo tempo diz-me: muitas vitórias ainda te esperam.

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