Afirmo que a candeia do corpo são os olhos, e se os olhos forem bons, todo o corpo terá luz, mas se eles forem maus, todo o corpo será um autêntico conflito. A candeia era um utensílio antigo utilizado para a iluminação, e devia ser colocada num local alto e de destaque, a fim de que a sua luz se espalhasse ao longe. Antigos ditados populares, dizem que os olhos são a janela e o espelho da alma. Estes adágios revelam a importante correlação existente entre os olhos e a essência da criatura. De ordinário, é preferencialmente por eles que o ser humano percebe a realidade que o cerca.A partir dessa percepção, ordena o seu sentir e o seu proceder. O que ele observa, o que elege como importante para prestar atenção, dá o tom do seu viver. O mundo é rico em distracções. Sem uma orientação firme, é possível perder-se nelas e tornar-se alguém fútil. Novelas e séries de TV, Internet e revistas são apenas alguns dos passatempos à disposição, porque não possuem nada de intrinsecamente errado, mas não constituem o objectivo da existência.Justamente por isso, não se pode consumir tempo em excesso. O espírito não toma um corpo de carne para se distrair, mas para se aperfeiçoar. O tempo mais bem aproveitado é o despendido no desenvolvimento intelectual e moral. Também possui grande valor a dedicação a uma causa, a atenção dada a pessoas carentes ou enfermas. Entretanto, não é apenas com o excesso de distracções que se deve ter cautela. Pior do que gastar tempo com banalidades é fixar a atenção em coisas futéis. Vive-se na Terra uma época de grande permissividade e vigora o discurso de que quase tudo é normal. Assim, pode não parecer chocante gostar de pornografia, manter conversas picantes ou ficar acordado por conta de noitadas. Mas é preciso cuidado com aquilo em que se fixa demoradamente o olhar, para não comprometer a própria dignidade.
O gosto pela podridão, ainda que socialmente aceite, conspurca a essência do ser.
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