sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DESABAFO PROFÉTICO


Somos ágeis em relacionar o que não nos agrada nos mais diversos lugares e ambientes. Temos olhos de águia para criticar e condenar.
Estabelecemos listas infindáveis de coisas a serem melhoradas e corrigidas pelos outros.
Temos a convicção de que "se não fosse pelos erros dos outros o mundo poderia ser muito melhor."
Agimos como se fôssemos meros espectadores e como se não nos coubesse qualquer responsabilidade perante a vida.
Esperamos que as coisas se resolvam por si só, ou ainda, que as outras pessoas façam algo por nós.
Queremos um mundo onde as estradas sejam aveludadas para garantir maciez aos nossos pés. Mas, esperamos que os outros cubram os nossos caminhos com belos e ricos tapetes.
Delegamos ao resto da humanidade a responsabilidade por toda a nossa desdita e pela nossa ventura.
Em virtude disso, vemo-nos destinados a reclamar infinitamente pela não realização dos nossos sonhos. Sonhos esses que teriam grandes chances de se concretizar se nos dispuséssemos a fazer a parte que nos cabe.
Não aguardemos pela iniciativa dos que nos cercam na realização do que a todos compete efectuar.
Quem cruza os braços em função da inércia alheia, confunde-se na multidão dos que nada fazem.
Responsabilizar os outros não produz nada de útil.
Apontar equívocos alheios não nos autoriza a ignorar os nossos próprios.
Ser capaz de reclamar não nos aprimora, nem garante a correcção das falhas que apuramos.
Abandonemos a acomodação que há tanto nos acompanha e livremo-nos das garras da preguiça que nos alicia.
Tenhamos disposição para fazer o que nosso conhecimento e a nossa capacidade nos permitem.
Pouco a pouco, a gota corrompe a pedra. O raio de luz vence a escuridão. O vento move a montanha e esculpe as rochas. Demonstra a natureza que cada qual detém a possibilidade de alterar o que parece imutável.
Cada um, singela e constantemente agindo, pode marcar a face da história e transformar o rumo da vida. Actos simples que não exigirão heroísmo, nem bravura, de nenhum de nós. Actos quotidianos e aparentemente banais, mas que, em verdade, integram a missão individual de cada um perante a sociedade e a humanidade.


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