terça-feira, 11 de março de 2008
ESSES OUTROS TERRORISMOS
Nos dias actuais as palavras terrorismo e terrorista ganharam espaço na comunicação social do mundo inteiro.
Mas, afinal de contas, o que significam realmente esses termos?
Pois bem: terrorismo, segundo os dicionários, é um "acto de violência contra um indivíduo ou uma comunidade".
E terrorista é aquele que infunde terror. Que espalha boatos assustadores ou prediz acontecimentos amargos.
Assim sendo, será que o terrorismo está distante de nós, ou, se bem analisado, poderíamos dizer que faz parte do nosso dia-a-dia mais do que imaginamos?
Será que poderíamos dizer que muitos de nós, de uma forma ou de outra, espalhamos o terror?
Terror quer dizer grave perturbação trazida por perigo imediato, real ou não, medo, pavor, ameaça.
Dessa forma, quando analisamos as nossas atitudes diárias vamos encontrar, em muitas ocasiões, verdadeiros actos terroristas.
Quando, por exemplo, um pai diz a uma filha: "se casar com aquele rapaz, mando-a embora de casa!", esse pai está fazendo uma ameaça que infunde pavor e, portanto, está fazendo terrorismo.
Quando uma mãe diz ao filho que se ele não obedecer irá embora de casa e o deixará à própria sorte, está cometendo um acto terrorista dos mais sérios, impondo medo e pavor a uma criança que confia nos seus pais.
Filhos que sabem da preocupação dos pais e os aterrorizam com ameaças de suicídio ou de fugas que nunca se efectivam, mas que causam infelicidade e apavoram, são terroristas domésticos agindo soltos.
Imposições e ameaças de chefes, baseadas em carências de funcionários que dependem do emprego para sobreviver, são actos terroristas que causam infelicidade e matam a esperança.
Religiosos que ameaçam os seus fiéis com castigos e penas eternas, inventando um Deus temível e vingativo, espalhando pânico e terror nos corações incautos, são terroristas da fé, que agem livremente.
Por tudo isto vale a pena meditar sobre esses outros terrorismos que passam despercebidos a muitos olhares.
São tantos os terrores domésticos que causam infelicidade ao ser humano, portas adentro dos lares, onde deveriam reinar o amor e a fraternidade.
Assim sendo, não imaginemos que o terrorismo está no seio deste ou daquele povo, desta ou daquela raça, pois ele está na alma humana, independente da nacionalidade ou religião.
Não imaginemos que o terrorismo está presente nos povos menos civilizados.
Ele encontra-se em cada coração capaz de promover o terror, seja em que nível for.
O preconceito de toda ordem, também é uma forma de terror, e vamos encontrá-lo em todas as esferas sociais.
Nestes dias, em que os olhares do mundo inteiro se voltam contra o terrorismo, vale a pena meditar sobre os nossos terrorismos particulares que tantas desgraças têm promovido.
E vale também lembrar que as grandes guerras e os grandes atentados terroristas são alimentados por guerras e terrorismos menores aos quais não damos importância. Pensemos nisto e comecemos, de vez por todas, uma acção efectiva pela paz.
Iniciemos por baixar as armas internas da agressividade, da calúnia, da indiferença, da infelicidade, da violência, enfim.
Optemos por construir um mundo de paz, pacificando os nossos lares, o nosso ambiente de trabalho, a nossa própria alma.
Agindo dessa maneira, podemos ter a certeza de que teremos um mundo em paz, mesmo que seja apenas o nosso próprio mundo, que, em última análise, seria o início de tudo.
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