sexta-feira, 14 de março de 2008

O CIÚME


Este sentimento, é difícil de definir, mas pode ser considerado normal. Para se ser ciumento é preciso ser perseverante no objecto do amor e é preciso um grau importante de frustração nesta intenção de amar. O indivíduo ciumento julga sem muita base de segurança que não é correspondido e começa a desenvolver uma cascata de sentimentos torturantes que o levam a sentir raiva, mas que não pode manifestá-la, a sentir temor e não pode fugir, a querer impor-se e ter medo de perder, a querer não sentir e ficar mais confuso. Da fé no amor chega ao desespero, e por isto afirmo que o ciúme é considerado um demónio perturbador e destabilizador da personalidade onde o indivíduo vive o que acha que é, mas não tem certeza, mas que também não pode ser de outra forma. Não há ciúme sem existir inveja e insegurança. O ciumento por amor à vida deseja amar e se não o consegue passa a agredir-se e a agredir o seu companheiro sem racionalizar, e eu afirmo sem me enganar muito ou sem errar que considero os homens mais ciumentos que as mulheres. As pessoas que não se consideram ciumentas sabem do que eu estou falando, porque o que gera o ciúme é o desejar, e o que alimenta o ciúme é a frustração.
O ciúme é o efeito de um sentimento mal elaborado em relação ao amor. O ciumento deseja amar, mas não sabe amar sem ser da sua maneira.
O ciúme é o amor transformado em sentimento de posse e a cobrança
de um sentimento que não está sendo correspondido à altura desejada, gerando assim conflito e desespero íntimo. O ciúme é um defeito moral vinculado à imaturidade ou a insegurança emocional. O ciúme é uma carência de natureza moral, pois essa carência pode provocar na criatura que sente uma necessidade de receber exclusivamente todas as atenções culminando no egoísmo de alto grau. Dependendo do nível desta carência pode advir então um ciúme incontrolável e doentio que afecta o equilíbrio mental. Devemos procurar combater as nossas más inclinações, porque o ciúme, propriamente considerado nas suas expressões de escândalo e de violência, é um indício de atraso moral ou de estacionamento no egoísmo, dolorosa situação que o homem somente vencerá a golpes de muito esforço, na oração e na vigilância, de modo a enriquecer o seu íntimo com a luz do amor, começando pela piedade para com todos os que sofrem e erram, guardando também a disposição sadia para a cooperação na elevação de cada um.
Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação de quem errou ou de quem sofre, a fim de iluminarmos o raciocínio para a análise serena dos acontecimentos, poderá aniquilar o ciúme do coração, de modo a encerrar-se a porta do perigo, pela qual toda a alma pode atirar-se a terríveis tentações, com largos reflexos nos dias do futuro.

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