segunda-feira, 19 de outubro de 2009

SENTIMENTOS


Muitas pessoas estabelecem objectivos de vida, que passam a ser procurados com intensa determinação.
Limitam os seus interesses na conquista dos seus sonhos e quando os alcançam nem sempre encontram neles o sentido e o significado que esperavam. A meta, que por tanto tempo representou a razão de viver, cede lugar ao tédio, empurrando os seres para os abismos da depressão ou dos vícios.
Por vezes, são pais que colocam na vida dos filhos os próprios sonhos.
Projectam no futuro dos seus rebentos os desejos que eles próprios não puderam realizar.
No entanto, os filhos crescem e devem enfrentar as próprias lutas e dar curso às próprias vidas.
Por vezes a constatação desta verdade causa nos pais, mais desprecavidos, uma amarga aflição.
Outros, ainda, anseiam por alcançar um patamar elevado na carreira para amealhar, assim, consideráveis recursos financeiros.
Porém, quando os seus objectivos se realizam, sentem-se desarticulados.
Há aqueles que se esforçam para ter fama e destaque na sociedade e que, quando os alcançam, amargurados e vazios, entregam-se às drogas e aos abusos do sexo.
Inquietação e desequilíbrio costumam servir de base na busca por objectivos imediatos de prazer e de satisfação.
Tais metas são frutos do egoísmo que ainda move os seres, e quando alcançadas produzem tão-somente rápida e passageira satisfação.
Em pouco tempo a antiga e conhecida sensação de aborrecimento e de vazio volta a exercer forte influência no quotidiano, como se todo o esforço tivesse sido em vão, como se toda a luta não tivesse valido a pena.
Nos lábios, a impressão de que alguma palavra ficou faltando, na boca, a permanente sensação de sede, e a fome de realização plena.
É uma sensação de que, em sonho, tudo era mais belo e satisfatório.
É o tédio, terrível flagelo que consome existências.
Silencioso e ardiloso, penetra suavemente no comportamento, instalando-se na mente e no sentimento, depauperando e dominando os seres humanos.
Quando se aperceberem de que estão a um passo do tédio, assumam nova postura e procurem uma actividade que preencha o tempo físico e mental de forma útil.
Nunca te consideres impossibilitado de trabalhar, de agir no bem e no produzir.
Reflecte sobre a vida de outros deficientes que se transformaram em mensageiros da renovação interior, tornando-se membros indispensáveis da economia moral e social no mundo.
O esforço que lhes foi exigido não lhes concedeu tempo para qualquer forma de tédio ou de desinteresse, entregando-se à lamentação ou ao desencanto.
Não cessem de edificar, nem permitam o contemplar da retaguarda do já feito.
Examinem a perspectiva do quanto ainda necessitam realizar.
Aspirem à conquista do infinito e nunca se sentiram cansados com os logros conseguidos. Quem acha que basta as aquisições meramente materiais ainda não alcançou a real maturidade, nem descobriu as prioritárias metas existenciais.
Aquele que prima pela alegria de viver, não apenas pelo que consiga deter nas mãos, jamais será vítima do tédio, porque estará sempre em acção, sentindo-se útil e pleno.

Sem comentários: