terça-feira, 6 de outubro de 2009

VERDADE

Os seres humanos, de um modo geral, estão sempre muito preocupados em alcançar o sucesso.
O mundo convencionou que sucesso é o triunfo nos negócios, nas profissões, nas posições sociais, com destaque da personalidade, aplausos e honrarias.
Causam impacto as pessoas que desfilam no carro do poder. Despertam inveja a juventude elegante, a beleza física, os jogos do prazer imediato.
Produzem emoções fortes as conquistas dos lugares de relevo e projecção na política, na sociedade.
Inspiram mágoas aqueles que parecem triunfar na glória e êxito terrestres.
Esse sucesso, porém, é de efémera duração.
Todos passam pelo rio do tempo e transformam-se.
Risos convertem-se em lágrimas.
Primazias cedem lugar ao abandono.
Bajulações são substituídas pelo desprezo.
Beleza e juventude são alteradas pelos sinais da dor, do desgaste e do envelhecimento. O ser humano que luta pela projecção exterior, sofre solidão, vazio, frustrações e tédio. Aquele tido pela sociedade como uma pessoa de sucesso não é, necessariamente, uma pessoa feliz.
Todavia, muitos perseguem esse sucesso com sofreguidão, e para mantê-lo desgastam-se emocionalmente, inspiram ódios, guerras surdas ou declaradas, acumulam desgostos.
Entretanto, há outro sucesso efectivo e duradouro que os seres humanos têm esquecido: é a vitória sobre si mesmo e sobre as paixões primitivas.
Dessa conquista ninguém toma conhecimento. Mas a pessoa que a busca, sente-se vencedora por dominar-se a si mesma, alterando o temperamento, as emoções degradantes, e sente a paz disso decorrente.
O ser humano que experimenta o sucesso interno torna-se gentil, afável, irradiando bondade, e conquista em profundidade, aqueles que dele se acercam. Quando, no entanto, é externo esse triunfo, a pessoa torna-se ruidosa, impondo preocupação para manter o status, chamar a atenção, atrair os reflectores da fama.
O sucesso sobre si mesmo acentua a harmonia e aumenta a alegria do ser, que se candidata a contribuir em favor do grupo social mais equilibrado e feliz, levando o indivíduo a doar-se.
O sucesso dos mártires, dos cientistas e pensadores, dos artistas e cidadãos que amaram, ofereceu-lhes resistência para suportarem as afrontas e crueldades com espírito de abnegação, de coragem e de fé.
Sem que nos alienemos do mundo, ou abandonemos a luta do convívio social, busquemos o sucesso, a vida correcta, os valores de manutenção do lar e da família, o brilho da inteligência, da arte e do amor, e descobriremos que, nesse afã, teremos tempo e motivo para o outro sucesso, o de natureza interior.

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