terça-feira, 15 de abril de 2008

CANÇÃO DA VIDA


Como as pedras que nascem das flores,
assim como veias que irrigam o corpo,
que produzem um poema,
que se ergue da confusão da carne,
assim nasce o homem-poeta,
o inconfundível profeta,
artesão secular da palavra pintada pelo tempo,
palavra que tanto faz,
amassada como o barro ferrugento,
trabalhada como fosse uma obra prima.
Mas os punhos que ele usa,
são os punhos da vida,
vida ingrata e injusta,
que quando aprendiz,
olha com os olhos arregalados,
como luas desnorteadas,
nos berços dos recém-nascidos na idade da inocência.
E quando cresce,
a vida transforma-se num outono eterno e sábio,
sentada em memórias de sangue,
coberta com dor e sofrimento,
mas também de lírios,
que com o seu perfume dão alegria e paz,
e crianças ouvem à lareira lindas histórias,
ouvem com ouvidos de ouvir,
as palavras agrestes que rasgam qualquer surdez da alma,
qualquer nada interior.

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