terça-feira, 29 de abril de 2008
EM QUE CONSISTE A FELICIDADE?
Este é o problema central e máximo da humanidade. Afirmo que a felicidade consiste na liberdade individual e renuncia a todos os bens externos, ou seja, quanto menos o homem possui ou deseja possuir, tanto mais feliz é ele, porquanto a infelicidade consiste, ou no medo de perder o que possui, ou no desejo não atendido de possuir.
Quem renuncia à posse de bens externos e ao próprio desejo de possuir, é perfeitamente feliz.
A felicidade não consiste nem em possuir nem em não possuir bens externos, mas sim na atitude interna que o homem mantém em face da posse ou da falta desses bens.
O que importa não é aquilo que o homem possui ou não possui, mas sim, o modo como ele se porta diante da posse ou da falta.
Quer dizer, o que é decisivo não é a maior ou menor quantidade objectiva das coisas possuídas, mas a qualidade subjectiva do possuidor.
Esta qualidade, porém, é conquista do próprio homem, e não presente gratuito de circunstâncias fortuitas. Tudo depende, pois, em última análise, da atitude interna do homem.
A grande verdade sobre a felicidade consiste numa permanente serenidade interior, tanto em face do prazer como em face do sofrimento.
Que o homem feliz era aquele que conseguia manter uma atitude de absoluta serenidade, espécie de equilíbrio e atitude racional, em face do agradável e do desagradável da vida.
O problema central da humanidade é que compreendeu que a felicidade não consiste, primariamente, em ter ou não ter, mas sim em ser.
Às vezes falhamos porque queremos banir da vida humana os elementos afectivos e emotivos, indispensáveis a uma vida permanentemente feliz.
O facto é que a afectividade faz parte do homem completo e querer exclui-la da vida humana é querer edificar a felicidade sobre bases falsas.
Uma perfeita e verdadeira filosofia da felicidade deve, necessariamente, integrar todos os elementos que fazem parte da natureza humana sem o que não pode haver felicidade real e permanente.
Feliz é aquele que saboreia quando come, vê quando olha, dorme quando deita, compreende quando reflecte, aceita-se e aceita a vida como ela é. Há quem diga que a felicidade depende, antes de tudo, de bastar-se a si próprio, de não depender de ajuda, de opinião e, sobretudo, de não se deixar influenciar por ninguém. Sem amor, sem paixão, que sentido teria a existência?
A felicidade é proporcional ao risco que se corre. Quem se protege contra o sofrimento, protege-se contra a felicidade. Quem se torna invulnerável, torna sem sentido a existência. O homem feliz aceita ser vulnerável. O homem feliz aceita depender dos outros, mesmo pondo em risco a sua própria felicidade. É a condição do amor e de todas as relações humanas, sem o que a vida não teria sentido.
A mania das pessoas de quererem converter os outros, é uma fonte abundante de infelicidade. É que cada um de nós vive na ilusão, inspirada por nosso invertebrado egoísmo, que a nossa maneira é a maneira certa, talvez a única verdadeira e capaz de salvar a humanidade. Acreditamos que se todos os outros pensassem e agissem como nós, a humanidade seria definitivamente mais feliz... E por isso tentamos impingir a nossa maneira de ser aos outros, sobretudo às pessoas mais próximas de nós. Quando o homem, entretanto, começa a amadurecer, torna-se progressivamente mais tolerante, compassivo, mais amigo do servir, mais feliz.
Percebemos ou devemos tentar perceber que não se pode modificar a maneira de ser das outras pessoas, mas que podemos mudar a nossa própria maneira de ser. Passamos a não girar em torno de nós mesmas mas a caminhar em direcção dos outros para fazê-los felizes. Percebemos que a procura egoísta da própria felicidade é a maneira mais fácil de afastá-la.
O perdão aos outros é um modo de dizer que já nos aceitamos integralmente, com a nossa própria sombra. O perdão é a própria aceitação da vida como ela é, e o acto perdão é o sacudir da poeira, é a renovação da auto-estima e da alegria de viver, é o caminho da integridade e da felicidade eterna.
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