sábado, 12 de abril de 2008
CHORAR
Há quanto tempo tu não choras?
Há quanto tempo os teus olhos não são inundados por lágrimas, por estas pequenas gotas que parecem nascer no nosso coração? Há quanto tempo?
Assim como o fenómeno natural da precipitação atmosférica, a chuva, realiza o trabalho de purificar a terra, a água e o ar, também as nossas lágrimas têm tal função. A de limparem o nosso íntimo, a de exteriorizar as nossas emoções, sejam elas de alegria ou de pesar.
Precisamos aprender a expressar os nossos sentimentos.
A nossa cultura possui conceitos arraigados, como o de que “homem não chora”, ou que “é feio chorar”, que surgem nas nossas vidas desde quando crianças, na educação familiar, e acabam por criarem raízes na nossa alma, continuando a apresentar manifestações na vida adulta.
Sejamos homens ou mulheres, saibamos que todos nós rumamos para a busca da sensibilidade, do autodescobrimento, e da expressão dos nossos sentimentos.
Tudo que deixarmos guardado virá à tona, mais cedo ou mais tarde.
Se forem bons os sentimentos contidos, estaremos perdendo uma oportunidade valiosa de trazê-los ao mundo, melhorando as nossas relações com o próximo e connosco mesmo. Se forem sentimentos desequilibrados, estaremos perdendo a chance de encará-los, de analisá-los, e de tomar providências para que possam ser erradicados do nosso interior.
As barreiras que nos impedem de emocionar, de chorar, são muitas vezes as mesmas que nos fazem pessoas fechadas e retraídas. Barreiras que carecemos romper, para que os nossos dias possam ser mais leves, mais limpos, como a atmosfera que recebe a água da chuva, e nela encontra a sua purificação.
As chuvas dos olhos fazem um bem muito grande. Desabafar, colocar para fora o que angustia o nosso íntimo, ou o que lhe dá alegria, é um exercício precioso. Um hábito salutar.
Dizer a alguém o quanto o amamos, quando este sentimento surgir no nosso coração, mesmo sem um motivo especial, será sempre uma forma de fortalecimento dos laços afectivos, de construção de uma união mais feliz, e principalmente, um recurso para elevarmos a nossa auto-estima, o nosso auto-amor.
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