segunda-feira, 19 de abril de 2010

PERDOA, SE QUERES SER PERDOADO

INTRODUÇÃO(Mateus 5:23, 24)
Todos nos maravilhamos com o perdão. Todos nos curvamos em admiração àquele que, após tanto sofrer, perdoa.
- Por que é tão difícil perdoar?
- Quando o perdão é verdadeiro?

I - DIFICULDADE EM PERDOAR

Para alguns perdoar é difícil...
Porque não querem deixar as suas exigências. a) Estão sempre a culpar os outros. Sabes porquê culpam os outros? Porque querem achar um culpado para depois condená-lo e se possível fazê-lo pagar. b) O perdão começa quando pomos fim à procura de culpar alguém e nos movemos a reconhecer a nossa participação.
Porque não querem desprender-se da sua revolta.
Porque se agarram ao passado. a) O passado somente existe na lembrança e nas consequências. Mas apesar do facto de que uma lembrança é somente uma lembrança, fico emocionalmente envolvido com ela de novo, como se fosse um facto atual. b) O ressentimento é como uma mordida forte que cerra os dentes da lembrança sobre o passado morto e se recusa a soltá-lo. c) Voltar o tempo e desfazer o que foi feito.

II - ENGANOS QUANTO AO PERDÃO

A. Distorcer os sentimentos
- Quando tu negas que ficas magoado, e fazes de conta que tudo está bem - perdoado, esquecido e que é coisa do passado - não confies neste sentimento. Não é perdão. É um engano.
- Quando tu perdoas reprimindo os sentimentos não irão resultar na reconciliação. O perdão acontece à medida que os ressentimentos passados são assumidos, não renegados, são reconhecidos, não reprimidos.

B. Perdoar porque Deus quer
Se eu perdoo, porque Deus pede, para que eu me salve, eu não entendi o perdão. Porque perdoar não é a auto-salvação, é a reconciliação. a) As passagens sobre o perdão na Bíblia enfocam o relacionamento restaurado, não a paz individual com a consciência de cada um diante de Deus.

C. O perdão é unilateral
Ninguém nunca perdoa o outro de verdade, a não ser que suporte a penalidade pelo pecado de outro contra ele. a) O perdão não é unilateral, mas uma interacção mútua.
Na Família - quando um irmão tem de fazer um ajuste silencioso a um relacionamento truncado, o conflito interpessoal é absorvido e transformado num conflito interpessoal. A dor que existiu entre os dois é colocada para dentro de um deles. O resultado é a solidão e o afastamento. O problema só foi deslocado, não removido.

III - PERDÃO X ARREPENDIMENTO

A. O perdão antecede o arrependimento
1) Quando se perdoa verdadeiramente restabelecesse a liberdade do outro sem fazer perguntas, sem impor pré-requisitos, sem exigir o arrependimento, sem buscar a vingança. Não espera, aguarda ou induz o arrependimento para ai sim perdoar.
2) Quando alguém fica sabendo que é amado, aceito, perdoado, então está livre para responder em arrependimento.
3) O perdão vem primeiro. O arrependimento é motivado pela experiência do verdadeiro perdão.
4) Ninguém se arrepende verdadeiramente até que tenha experimentado a possibilidade de ser perdoado.

B. O arrependimento antecede o perdão
1) Assumir o que foi feito, escolher um novo comportamento, expressar intenções claras para o futuro. É o único passo possível para se alcançar o perdão.
2) O perdão é um acto de integridade que reconhece que um erro aconteceu, foi assumido, e que ambas as partes envolvidas lidaram com ele de maneira responsável.
3) Quando não há arrependimento o amor deve agir - O amor escolhe ver o outro novamente como alguém de valor, apesar do erro. O amor restaura as atitudes de valorizar-se e importar-se com o outro. O amor é a base para o perdão, mas é apenas o primeiro passo. O arrependimento é o segundo.
4) Quando a confiança estiver restaurada e houver reconhecimento mútuo de que se voltou a ter um relacionamento construtivo, então o perdão se tornou realidade.
5) Se precisamos tanto do perdão como do arrependimento para restaurar o relacionamento, que importa qual venha primeiro, contanto, que ambos aconteçam?

IV - RISCO E CONFIANÇA, ANDAM LADO A LADO

A. Para aquele que perdoa...
1) Tem que ter uma disposição de enxergar as palavras e as atitudes do outro como sinceras e arrependidas. Disposição de confiar no outro mesmo que seja novamente ofendido, mesmo que a ofensa ocorra sete vezes ao dia.
2) A ofensa não é razão válida para que eu não perdoe.
B. Para o que recebe o perdão...
1) Tem que afirmar com clareza e sinceridade que o seu arrependimento é verdadeiro e que está escolhendo mudar.
2) Tem que aceitar que está livre e pode ser espontâneo (ele mesmo), mesmo correndo o risco de repetir o erro e reabrir a ferida.

V - O PERDÃO VERDADEIRO

A. O perdão verdadeiro ocorre quando...
1) Eu termino minhas exigências para o seu futuro (mas esclareço o que espero no nosso relacionamento daqui por diante).
2) Não fico mais remoendo o passado. Cancelo as minhas exigências quanto ao que foi praticado - actos/palavras.
3) Quando aceito o outro com a possibilidade de diálogo.
4) Quando posso dialogar com respostas espontâneas.

B. O objectivo do perdão...
1) É a reconciliação, não a desobrigação.
2) O objectivo final do perdão é a restauração do relacionamento - Mt 18.15
3) O perdão não finaliza, mas sim enriquece os relacionamentos - Col 3.12-15
4) A função do perdão... É a reconstrução do relacionamento, não uma recuada beata do verdadeiro relacionar-se.

C. Passos para ocorrer o perdão...
1) Valorizar - Enxergar o valor do outro novamente não importando o seu erro. Isto não é perdão. É o pré-requisito para o amor.
2) Cancelar as Exigências - Cancelar as exigências do passado, reconhecendo que é impossível mudar o que aconteceu. Isto não é perdão. Isto é reconhecer a realidade na qual o perdão se baseia.
3) Confiar no Presente - Trabalhar a magoa e a raiva sentida por ambos com confiança e riscos recíprocos, até que se possa perceber sinceridade de intenções e que o arrependimento seja visto como autêntico por ambas as partes. Isto é perdão. Começou a acontecer o perdão
4) Abrir o Futuro - Abandonar as exigências de uma garantia absoluta para o comportamento futuro e abrir o futuro para as escolhas, para a espontaneidade, para a liberdade de se errar de novo. Isto é perdão. É esta a função principal do perdão.
5) Celebrar o perdão.

Conclusão
1. "Se o seu irmão..." Mt. 18.15
a) "Se o seu irmão tem alguma queixa contra você" (Mt. 5.23,24), vá e acerte o seu relacionamento com ele novamente. Esta reconciliação deve preceder o culto, o louvor, e actos pessoais em resposta a Deus.
2. Não mudo quando estou tentando ser diferente do que sou, ou ser algo que não sou, mas sim, quando aceito verdadeiramente e inteiramente quem sou.
3. Perdão é reconciliação. Se tu queres a tua reconciliação com Deus, reconcilia-te com o teu irmão.

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