Já escrevi muito sobre diversos temas, desde a Amizade, os Amigos, o Amor, a Coragem, entre outros. Falta-me talvez abordar o tema mais polémico que alguma vez tratei, que é sobre o CIÚME, suas implicações, razões e consequências. Espero sinceramente ser bem interpretado por quem ler este texto, mas ao mesmo tempo irei abordar o ciúme na vertente dos outros temas já tratados por mim, ou ainda abordar outros temas.
Será como lhe chamo este texto, a CONFRONTAÇÂO. Não sou um moralista nem quero me tornar um puritano da sociedade podre, pobre e cobarde sem regras de conduta nem códigos de ética.
O Ciúme é uma espécie de confrontação emocional que existe dentro de nós e foi por isso que lhe dei este título de “Confrontação”.
O Ser Humano deve ser livre, para optar em qualquer momento. Para mudar. Não deveríamos ter instituições religiosas, seculares, tradições ou "bons costumes" para nos dizer o que devemos fazer em matéria sentimental, pois o Ser Humano, é um Ser indomável. Penso que mais gostaríamos de ser do que somos... ou, melhor dizendo, há uma parte de nós indomada que luta para se manter livre, mas há partes de nós que já não mais consegue caminhar sozinha.
Pois como disse Kant: "Não tenho medo de ser refutado, e sim de ser mal compreendido.".
O ciúme é fruto do medo de "não ser", porque é através do olhar do outro que nos reconhecemos, porque o medo, ainda que imerso nos mares revoltos da complexidade humana, ainda que extremamente embrenhado na floresta das relações influenciadas pela cultura, a raiz do problema ainda é o sentimento de posse, pois é biológico.
Já o sentimento de posse... Ah! Esse sim, esse só visa garantir diante dos olhos do mundo a legitimidade da parceria, da conquista, sendo como uma necessidade de confirmação social de pertença de um parceiro, e consequentemente de identificação do "território genético" já devidamente "conquistado". Como todo o arranjo social nascido de uma necessidade biológica, esse sentimento foi sendo consecutivamente cristalizado por meio de processos de institucionalização da parceria, das tradições que sacramentavam a posse dos parceiros, das regras jurídicas que instituem as formas dessa parceria, da normalização dos sentimentos, acções e pensamentos que configuram a parceria... enfim... enfim… tradições… O sentimento de posse dá origem quase sempre ao ciúme.
O ciúme por sua vez, ouso dizer, é fruto da nossa busca pelo reconhecimento daquilo que desejamos ser, ou melhor dizendo, pelo medo de não sermos reconhecidos... Para que haja ciúme é necessário algum tipo de afecto, algum tipo de expectativa afectiva, algum tipo de relação entre o objecto de ciúme e o sentimento de identidade emocional de quem se encontra enciumado. No sentimento de posse não!
Contudo, o ciúme é um sentimento poderosíssimo, e sua emergência é desconcertante, é avassaladora, porque nos remete ao medo da perda do afecto. A emergência do ciúme pode ser vivida de forma violenta, amarga e sofrida, mas quase sempre essa turbulência dará lugar a tentativa de manter o objecto de afecto junto de si, e via de regra nos dispomos a inúmeras concessões apenas para garantir a permanência desse olhar que nos reconhece.
O Ciúme é, praticamente o maior de todos os sentimentos negativos humanos, fruto do medo. Neste caso o medo de perder o seu parceiro sexual de uma forma ou de outra, medo de perder o privilégio da exclusividade, um impulso da natureza que tenta garantir a transmissão dos seus genes com prioridade absoluta sobre os de qualquer outro concorrente através da mulher que nós escolhemos.
O ciúme é sim fruto do medo, mas não é só isso, e nem tão pouco é meramente o medo de perder o parceiro sexual, é o medo de perder o afecto do parceiro, é o medo de não ser mais o escolhido, é o medo de tornar-se o excluído, excluído da possibilidade amorosa do encontro, do terno e doce abrigo do aconchego... Deveremos confundir Ciúme com Amizade ? Deveremos confundir Ciúme com Carinho afectivo?
A principal pergunta em relação ao ciúme, é sem dúvida aquela até que ponto o mesmo está na fronteira da normalidade de um relacionamento ou se tornou algo obsessivo? A resposta é extremamente simples, depende da quantidade de raiva ou ódio que alguém acumula todas as vezes que sente ciúmes por determinada pessoa. Essa raiva é um mecanismo defensivo que visa depreciar a relação, antecipando uma provável perda, no intuito de se esquecer o mais rapidamente possível do antigo objecto de amor, apontando seus defeitos ou imperfeições. Nesse sentido podemos falar da convergência do amor e ódio num mesmo relacionamento, sendo que no ciúme o predomínio do segundo é extremamente significativo. O ciúme tem a característica de atrair todos os pólos dos mais negativos sentimentos humanos, como, por exemplo, inveja, comparação, posse, rejeição, temor, ansiedade e principalmente a terrível sensação de abandono. Obviamente numa sociedade marcada pela competição e avareza no plano económico, não poderia ser diferente na esfera pessoal. A maior ingenuidade de todas é acreditar que seremos pessoalmente diferentes daquilo que somos no âmbito profissional e social.
O ciúme revela a face mais marcante da disputa de poder numa sociedade, assim como todo o sentimento de superioridade ou inferioridade resultante desse processo. É a personificação daquilo que diariamente todos falam sobre o combate na esfera amorosa, ou seja, quem será o dominador e dominado num determinado relacionamento, ou em última instância, qual dos dois arcará com a maior parcela de dor resultante de uma relação. O que mais detestamos no ciúme é que o mesmo denuncia o nosso grau de evolução e preparo emocional, a nossa segurança interior, a paciência e o genuíno sentimento de espontaneidade e doação. Quando tudo isso falha, estamos diante dos nossos mais profundos sentimentos de mesquinharia e interesse pessoal, pois a revelação de nossa ambição passa a ser um grande incómodo, e quando descobrimos que o nosso parceiro, poderá arriscar nova fronteira, caso não esteja satisfeito com o relacionamento, é o começo da extrema tortura mental e paranóica. Somos então feridos mortalmente em nosso narcisismo e ideia ilusória de conquista. O ciúme como eu já escrevi, é a prova final de que a competição trespassou os limites do campo social, afectando um dos últimos pilares de nossa segurança, a certeza de termos por completo determinada pessoa. Uma das características mais nefastas do ciúme é o sentido de ampliação do mesmo. Quero dizer com isto que primeiramente o ciúme se restringe à esfera afectiva ou um possível temor à traição, para em seguida se alastrar a outras áreas da personalidade humana. A pessoa que sente demasiado ciúme começa por também se incomodar com outras partes do desenvolvimento do seu parceiro, principalmente no tocante as potencialidades e criatividade do mesmo. Começa a desejar secretamente a derrocada profissional do parceiro, com o intuito de que este se torne cada vez mais dependente. Este é apenas um exemplo. Neste ponto o ciúme se une rigorosamente a outra emoção humana extremamente complicada, a inveja, e a relação se torna uma tortura infindável, onde o único caminho para a sobrevivência daquele que sente ciúme é a aniquilação das capacidades do seu companheiro. Esta inveja descrita ou em comparação extrema é quase sempre o alerta fatídico do esgotamento absoluto do relacionamento. A minha teoria pessoal e muito intima, diz que o ciúme é um tipo de projecção, ou seja, a pessoa acusa o outro de desejar o que ela própria gostaria, porém sempre negando tal facto, seja por culpa, vergonha ou orgulho. É impressionante, entretanto, como o ciúme vai aumentando quanto mais a pessoa nega o descrito anteriormente, pois se serve cada vez mais de sistemas defensivos para que o seu companheiro não perceba que é ele que está sedento para buscar outra relação, e assim sendo é mais fácil para este último sentir primeiro o ciúme a fim de atestar sua completa inocência. É muito comum que alguém espere do outro uma reacção de ciúmes de vez em quando, com o intuito de testar se ainda existe o desejo ou algo mais. O problema é quando se acha que o oposto do ciúme é a total insensibilidade ou apatia, pois neste ponto perde-se toda a noção de equilíbrio numa relação, actuando-se apenas no limite extremo; excessivo ciúme ou negligência, e aí obviamente todos preferem o primeiro, esquecendo-se dos seus efeitos nefastos. A questão do ciúme remete ao medo da perda e em última instância ao medo da morte. Esses sentimentos sempre estão mais presentes em pessoas marcadas por experiências de abandono ou desamparo, sendo que qualquer relação dispara esse conteúdo descrito. Como disse anteriormente o medo é o soberano, impedindo o livre fluir de outras emoções ou vivências. Ao invés do ciúme, deveríamos buscar provas de amor em áreas como: dedicação, apoio humano, constante diálogo e desejo de renovação, companheirismo e finalmente eterna presença. Se realmente queremos que uma relação tenha êxito, temos de estar atentos não apenas aos perigos da mesma, mas principalmente quando tomamos emprestados poderosos sentimentos humanos destrutivos, que ao contrário de aprofundarem, corroem por completo algo que poderia ter um desfecho de harmonia e prazer.
Sentir constantemente a solidão é uma espécie de renúncia voluntária aos mais altos anseios de satisfação e felicidade. Se realmente desejarmos salvar alguém, deveríamos encarar a solidão como prioridade absoluta, pois caso uma pessoa não se sinta válida no convívio humano, sua meta será a angústia, isolamento e depressão. Sentir ou não a solidão, estando acompanhado, ou por uma razão existencial, é a medida mais absoluta da qualidade de nossa vida.
Porque será que as pessoas misturam ou confundem amor/amizade com amor carnal?
Será que não se pode amar alguém sem ser amor carnal?
Não há talvez outro sentimento humano que impere sobre os demais do que a solidão. Esta desafia todas as estruturas e esferas de nossa sociedade tipo: dinheiro, posses, status, sexualidade, beleza e poder, e acima de tudo os ciúmes. Sem sombra de dúvida podemos eleger a solidão como o topo do sentimento humano deste século, nenhum outro como descrito acima consegue por tanto tempo ocupar nossa alma e desprovê-la do sentido da vida. Podemos sentir raiva de uma determinada pessoa, estarmos irados, preocupados com o sustento, mas nada é mais angustiante e fatal para nossa auto-estima do que a consciencialização de que estamos carentes, sentir que poucos ou ninguém mantém um contacto profundo e duradouro connosco, que não somos importantes ou especiais para alguém. A solidão impede o livre fluir de quase todas as potencialidades ou desejos humanos. É até interessante notar como esse tema nunca foi esmiuçado, dada a sua importância estratégica no contexto de nossa actual sociedade. Desde cedo somos educados para o sucesso, a glória, poder ou vantagens, mas ninguém nos conta o que fazer quando não sentimos mais vontade nisso tudo, por sentirmos o sentimento da solidão. Nenhuma escola ou educador nos ensina a como lidar com tão corrosivo elemento da alma humana, apenas sentimos o vazio, a ausência, e impotentes ficamos no terrível dilema da espera de que algo aconteça e mude essa vida estéril. Impotência é nosso deus central nos dias actuais, e a única sabedoria é retirar algum conhecimento dessa experiência. A solidão muitas vezes revela a banalidade e inutilidade de nossa vida actual, nos força a ver com toda a clareza a nossa mais angustiante infelicidade, pois a solidão não é apenas sinónimo desta última, mas pai de tudo o que não deu certo, o guia para além de nossa ingenuidade e ambições não efectuadas, pois ela nos mostra o maior fardo de todos, nós mesmos, sem qualquer fuga, distracção, pois no fundo o sentido de uma relação é o de se esquecer a si próprio, ocultar mesmo que temporariamente nosso mais profundo vazio da existência e dificuldade em descobrirmos um sentido para tudo isso. Todos sabemos que a sensação máxima de derrota é a falta de vivência duma experiência verdadeiramente amorosa, e a solidão sempre está por detrás dessa extrema dificuldade.
A solidão deixa-nos dois legados à nossa escolha: a possibilidade da reflexão e consequente mudança de atitude, no sentido de valorizarmos e nos abrirmos para novos contactos e pessoas, ou a teimosia e reforço no sentimento de superioridade, achando que qualquer mudança seria encarada como uma espécie de submissão, nesse estágio o orgulho torna-se mais uma companhia, dissimulando a total fragilidade e debilidade da pessoa. A solidão se torna enfaticamente uma doença quando cria um espírito de indolência numa pessoa, fazendo com que a mesma julgue positivo, produtivo e até viável o estar só, pensando tirar proveito do facto de não estar tendo trabalho ou esforço para procurar contacto humano. Nada é pior do que iludir sua não satisfação.
A solidão ainda reforça a ira da pessoa contra o mundo, não se interessando pelo elemento humano, dizendo estar satisfeito com seu comportamento ou meta de vida, pois a pessoa nesse caso acaba por utilizar sua neurose para se vingar do ambiente que não lhe proporcionou afecto ou segurança, tentando inverter a situação, enxergando na doença a melhor saída para sua vida. A solidão cria esse terrível paradoxo, um membro de uma espécie rejeita seus semelhantes, instalando a absurda fantasia de que alguém é feliz sem a companhia dos demais, além da revolta pessoal por não ser procurado, adoptando um comportamento no mínimo extravagante, obtendo dessa maneira a atenção que não conseguiu da forma natural.
É impressionante como a sociedade direcciona nossa atenção somente aos problemas económicos, e os problemas pessoais são deixados para trás, talvez só lembremos deles através da solidão, nesse sentido, a mesma se impõe como tentativa de restaurar a humanidade, de percebermos a total inutilidade do que estamos fazendo, nossa desorientação perante os anseios de nossa alma, os quais muitas vezes não damos a mínima, nossa falta de coragem para iniciarmos algo produtivo para a vida. Por fim, a solidão nada mais é do que o reflexo do histórico de um modelo de vida de determinada pessoa, é a crença ou não que alguém depositou em outro ser humano, sua disposição ou não para a troca e companheirismo, sua escolha pessoal entre doar algo mesmo sabendo do não retorno, ou insistir na inveja e raciocínio egoísta.
Isto tudo que acabo de escrever, ciúmes, amor, e demais sentimentos, roda à volta do amor, sentimento nobre e mui ilustre do coração humano.
Realmente nada começa tão doce e afável terminando em amargura e desespero como o problema do amor. Podemos o encarar como um drama também, justamente pelo mesmo trazer outros tipos de emoções ou vivências às quais boa parte das pessoas não tem o preparo adequado. Se reflectirmos bastante iremos notar que tal área já é muito mais difícil de se obter êxito do que um emprego ou boa ocupação. Todos também já percebemos que quanto maior a independência económica em qualquer dos sexos maior o distanciamento emocional, não apenas pelo trabalho e sucção que a ambição produz, mas pela fuga e medo da frustração por gostar ou se entregar para alguém, embora tal fenómeno não seja privilégio de uma classe social propriamente dita. O trauma nessa área começa tão cedo como os valores económicos inculcados precocemente na criança. Factor da máxima contradição humana, a solidão tem a função do afastamento de uma decepção, ao mesmo tempo em que gera uma carência abissal nas necessidades afectivas de alguém. Infelizmente nenhum método ensina alguém sobre a dificuldade num relacionamento.
A paixão e a sedução contidas na questão do amor encerram quase sempre elementos de poder, disputa e controle sobre o parceiro. O sentir-se “embriagado” pela paixão diz muito mais da necessidade de fuga das pessoas para a grande infelicidade vivida no dia a dia, assim sendo, tal fenómeno age como uma espécie de droga ou narcotizante da falta de sentido em relação a outro drama moderno, a rotina. A sedução actua quase sempre no predomínio estético ou sexual sobre determinada pessoa. É o uso intencional de um instrumento condicionado e valorizado pela sociedade, objectivando a adulação das características narcisistas do sujeito. Em tese também posso definir que tanto a paixão quanto a sedução são uma espécie de rebelião ou protesto inconsciente contra a inevitável morte ou insatisfação no relacionamento. A sedução é a mais tenra ilusão de que o outro detém a chave perfeita para a satisfação completa dos nossos desejos, e sempre nos esquecemos qual o preço que o mesmo irá cobrar por tal tarefa; já a paixão é o sonho máximo de que seremos correspondidos constantemente, de que jamais poderá haver uma desaceleração da vontade e prazer.
A sensibilidade abre outro terreno árduo para a sua compreensão plena. Frequentemente é cobrada por um ou ambos os parceiros, embora mais tarde se queixem dos seus efeitos colaterais. Outro grande erro é achar que a mesma só se manifestaria no pólo positivo, quando a grande verdade é que funciona como uma esponja que absorve todo tipo de amargura ou mazela emocional. Não basta apenas perceber o problema da contradição, ou a oposição nos diferentes tipos de vivências e sentimentos, mas, sobretudo, enxergar como foram construídos no decorrer de nossa história de vida. O amor existe e sem nenhuma dúvida é uma necessidade vital, e o grande problema é sincronizar sua dose, pois ambos os pólos descompensados podem ser fatais; tanto a falta que gera a mais pura carência, ou o que muita gente acha que seja o seu superlativo, o ciúme, também totalmente destrutivo em quase todas as relações. O importante não é e nunca foi à definição do que seja o amor, mas apenas a raridade do fenómeno nas diferentes culturas e
épocas. O romantismo, a poesia e outros adornos apenas deram pistas ou serviram de muletas na construção de tão complexo sentimento humano. A tese central deste problema é exactamente a ligação do desejo ou a necessidade com outras tarefas que são colocadas para a pessoa; mas como somos na maioria das vezes extremamente alienados, achamos que resolveremos um problema de cada vez.
O que precisa ser analisado é justamente como e quando alguém consegue obter a experiência do amor. Alguns dizem que o mesmo aparece após a vivência dolorosa de experiências desagradáveis, mantendo-se intacta a esperança e fé do sujeito no seu potencial afectivo, e eu digo que é algo bem raro na nossa actualidade, dominada por um rancor borbulhante e sem fim em relação ao passado de frustração e mágoa. Estes dois últimos sentimentos produzem uma impermeabilização completa em relação a qualquer nova tentativa de entrega. A nossa época, esta época em que vivemos, está repleta desta absurda neurose, sendo que se procura a mais absoluta perfeição ou garantia para após começar a suposta troca. Tal prática nefasta revela não apenas o medo exposto anteriormente de uma nova frustração, mas que a pessoa que se deixou abalar não tem condição alguma para a experiência do amor, justamente por essa fragilidade e incapacidade de lidar com a perda. Obviamente tal indivíduo não almeja em hipótese alguma a contemplação do amor, mas exclusivamente a veneração do seu conteúdo ambicioso e egoísta, com a desculpa de que é alguém especial e que precisa valorizar a si próprio, quando na verdade está o tempo todo participando de uma espécie de leilão das suas emoções.
Na verdade todas as barreiras citadas que impedem a verdadeira troca dizem de um ser que não deseja expor a sua fragilidade, justamente por se considerar inferiorizado no plano emocional, e com medo de ficar envolvido, pois para tal tipo de pessoa tal fenómeno é uma derrota, pois vê todo o relacionamento sobre a óptica do poder ou quem domina em tal esfera; então para fugir do conflito busca exigências irreais. Boa parte da procura encerra-se neste quadro, escondendo-se numa grande deficiência afectiva debaixo de uma perfeição corporal sancionada pelo sistema de consumo.
Sempre tentei definir o amor como uma experiência em que há maior empenho na satisfação do outro do que com suas próprias necessidades. Embora este conceito seja louvável do ponto de vista humano, eu digo que além desta capacidade inata para perceber o outro, muito mais importante é ter a certeza do potencial afectivo da pessoa que se ama, tendo a confiança de que a mesma reagirá com gratidão quando devotarmos para ela os mais nobres investimentos da nossa alma, ao contrário da inveja e incómodo que muitas pessoas demonstram ao serem ajudadas ou amparadas, enfim, o desafio de todos é aferir se o outro também é capaz não apenas de trocar, mas se valorizar naquilo que o parceiro julga serem as suas qualidades mais profundas. A baixa estima é um cancro ou uma doença incurável para o processo afectivo. Nenhuma chama permanece acesa sem o incremento de um determinado combustível. A derrocada amorosa dá-se quando um dos dois apenas almeja retirar sem repor, ou o outro também não faz a mínima questão de crescer ou viver algo novo. O problema de alguém se tornar insensível não diz apenas de uma fuga perante o medo do sofrimento, pois todos querendo ou não passarão por tal infortúnio. O que ninguém admite é viver algo único, sendo assim a única opção por não ser sensível, afastando-se da sensação de solidão que um sentimento intenso produz. Quase ninguém almeja ser pioneiro no terreno emocional, porque a liderança e o poder focam-se no plano material. A maior prova disto tudo do que acabo de escrever é que sempre que um dos parceiros se queixa de que o outro dá menos na relação, é como se estivesse a preparar-se para uma retirada ou abandono.
Outro fenómeno actual no terreno afectivo é a questão do tédio precoce nos relacionamentos. Este factor está associado directamente ao transporte do consumismo social para a esfera privada do indivíduo. Como conseguiremos algo um pouco duradouro se nossa mente é corrompida diariamente pelo descartável produzido pelo desejo de consumo? Boa parte do fracasso nos relacionamentos é produzida pela falta de inteligência e percepção deste acontecimento diário. Que as pessoas gostam de nadar na ilusão até nem discuto, mas cegarem-se perante uma contaminação incisiva é no mínimo trabalhar para a sua infelicidade própria. Em parte eu explico que o fascínio da pessoa pela dor e queixa constante, força o ambiente afectivo a consolar tal indivíduo a ficar desprotegido.
Pensemos agora na questão do ciúme. O mesmo, o ciúme, foi eternizado como uma insegurança ou fraqueza emocional do ser humano.
Em verdade o ciúme é o mais profundo sinal ou indício de uma futura ruptura ou perda. A pessoa presa de tal sentimento não visualiza que o seu excesso nada mais é do que uma antevisão da ruína do seu projecto afectivo. O ciumento amplifica as suas emoções negativas e traz também as do parceiro para o seu caldeirão íntimo do sofrimento. Outra essência do ciúme é o mais puro complexo de inferioridade, pois a pessoa já intuiu que será derrotada neste campo, ou que poderá haver repetição de vivências dolorosas que já experimentou. Tal processo pode acompanhar o sujeito à vida toda, caso o mesmo não procure ajuda para desfazer tal trauma emocional. E sobre a carência, como se desenvolve? A pessoa que cresceu sob a óptica de tal condição acaba desenvolvendo um mecanismo curioso de compensação. Ao mesmo tempo em que se sente negligenciado no seu direito afectivo, tem a convicção interna de que algo muito especial ainda estaria para vir, mas o problema é dimensionar o tempo em que irá suportar tal espera, sendo que o tédio ou o desânimo não tardarão a assolar a sua consciência. A carência é a exploração máxima da paciência e a expectativa perante um retorno afectivo do outro, que pode nunca ser efectivado, é a interrupção plena da liberdade para escolher novas pessoas que possam satisfazer a necessidade de amor, sendo que o mesmo irá insistir na sua dor pessoal de rejeição e consequente reparação.
O sofrimento afectivo mais cedo ou tarde cobrará uma definição. Ou irá ocorrer uma busca desenfreada por algum tipo de reparação como já escrevi, ou a energia será direccionada a algo novo. O apego é o pilar máximo da sustentação do processo da carência. É facto que boa parte do esforço infrutífero gasto por determinada pessoa diz de algo que jamais poderá ser reactivado, ou mesmo que o fosse talvez não teria a mínima importância. Há duas formas de se lidar com a perda e todos já as notaram: a primeira é tornarmo-nos mais fortes e reagirmos com toda a tristeza oriunda do evento traumático, gerando um dever de melhorar em conflito com a dor, e a segunda, é a depressão propriamente dita, sendo a recusa da reacção por não enxergar um sentido além do apego ao evento mórbido.
A trajectória emocional assemelha-se à órbita de um meteoro que acaba sempre retornando infinitamente. É curioso que quando uma ajuda retira em parte a angústia da pessoa, volta-se exactamente ao ponto onde tudo começou. O desejo alimenta-se então justamente do seu oposto, a frustração, e se a mesma assolou o indivíduo de uma forma intensa, irá gerar um tipo de expectativa quase que eterna perante a realização de um facto almejado. Novamente torna-se desnecessário dizer que o apego perante algo tão remoto bloqueará totalmente a capacidade actual da pessoa pela busca de seu prazer pessoal. Estou a dizer aqui que o lado emocional caminha em círculo, caso não seja quebrado a sua estrutura neurótica. É justamente neste ponto que entra o problema do amor, pois o mesmo deve ser algo totalmente novo e original com outro ser humano, no qual se confiará a experiência do desejo e prazer, porque caso não ocorra tal situação a relação torna-se mera arena para se reviver todo o drama familiar passado e o mais legítimo complexo de inferioridade. A experiência real e profunda do amor implica em não se sentir tão afectado, humilhado ou destruído pelo passado.
Quando é que poderemos realmente dizer ou afirmar com convicção que conhecemos o nosso parceiro amoroso? Com toda a certeza quando conseguimos visualizar todo o seu potencial construtivo e destrutivo. Este último é frequentemente confundido com a agressividade. Claro que não estou a falar da violência física, mas antes tentando desmistificar o problema do que realmente seja a agressão. Uma das coisas mais cruéis nas relações é justamente a sedução perante uma pessoa e consequente retirada do relacionamento. Isto infelizmente já virou uma espécie de jogo sádico moderno. Ao invés de nos iludirmos constantemente com a beleza ou fascínio sexual por alguém, seria interessante avaliarmos a capacidade dessa pessoa para a reciprocidade. O mais perfeito retracto da sala de espera do inferno dá-se quando um dos parceiros sente que o outro é o mais puro e ideal objecto de amor para o mesmo, porém, não ocorre à mínima sequência ou correspondência. A análise do problema do amor não correspondido passa por vários tópicos, mas o principal é a escolha de uma espécie de ícone incapacitado para a troca. A busca pela beleza ou sensualidade que pode acarretar a não correspondência diz muito mais de uma pessoa imbuída de um profundo complexo de inferioridade, que busca na outra uma compensação de sua problemática, tornando-a um troféu que possa encobrir seu drama pessoal não resolvido. É a princípio um acordo mútuo entre duas pessoas extremamente ambiciosas, uma por ser venerada por seus dotes físicos, e a outra para provar aos outros a sua glória por ter conseguido algo tão valioso apesar de sua limitação na auto-estima, e não precisamos nos lembrar que tal contrato possui uma curta duração.
Mas como se manifesta o medo do amor nos homens e mulheres? Nos homens, pelo desleixo, indolência e a infidelidade conjugal, dando uma mensagem explícita de que jamais criará raízes profundas em qualquer tipo de relação. Este problema está associado também à questão da timidez, pois tal distúrbio tem a característica de afastamento de todo o tipo de envolvimento emocional profundo. O tímido apenas ensaia gostar e amar, sendo que a sua meta principal é cavar apenas uma trincheira de isolamento e protecção perante o contacto social., sendo que o seu medo central é passar por uma situação de prova, e o amor é o teste supremo da intimidade de um ser humano, e assim sendo, irá renegar todo o tipo de entrega, embora tal problema pertença a ambos os sexos. Nas mulher o medo do amor principalmente na nossa actualidade dá-se pela agressividade ou por qualquer tipo de cobrança irreal perante o parceiro. A tensão de uma mulher que reprimiu ou não sabe lidar com seu potencial agressivo, e a sua alteração é a válvula de escape para todos os seus instintos negados, tomando por completo a pessoa. É como um estado de embriaguez em que se expõe toda a sua agressividade e esta no lado masculino visa à competição, embora as mulheres também adoptem tal conduta. Mas para as mulheres a agressividade é o bloqueio central que interrompe a entrega. A análise profunda que faço deste tipo de conduta irá revelar que tal pessoa está revivendo longínquas experiências paternas com o seu actual parceiro, onde o núcleo é definir emocionalmente a figura masculina como sendo raivosa, embora isto também não deixe de ser uma projecção do seu estado emocional. A seguir começa a surgir o ódio e desejo de retaliação. Na verdade a culpa do homem por tal situação é encarar a afectividade como uma espécie de esquema, achando que a sua parceira ou companheira tem o dever inato de suprir todas as suas necessidades pessoais, com o mínimo de troca possível, e esta sim, é a essência do chamado machismo, não desejar enxergar, ajudar ou colaborar com a sua parceira. Para a mulher, restou o pânico atroz de se sentir usada o tempo todo.
O problema da mulher no campo afectivo e sexual é exactamente sentir-se instável perante o poder que detém sobre o gozo e satisfação masculina. Outra contradição é se irá aliar-se psicologicamente a uma mãe traída e denegrida pelo pai, ou se simplesmente realiza todo o seu potencial amoroso. Como poderá libertar-se da servidão voluntária e involuntária? Todo o ideal do romantismo e religiosidade caem por terra, pois o ser humano jamais esteve preparado para a experiência do amor, faltando-lhe a educação adequada para a execução de tal meta. O “analfabeto emocional” está encarcerado de todo o tipo de sentimento destrutivo que aborta um relacionamento. Um projecto sério de alfabetização afectiva deve levar em conta todas as etapas do desenvolvimento humano. Devemos colocar a pessoa escolhida para parceiro num patamar onde seja respeitada quer pelo seu querer, quer acima de tudo pela sua dignidade. O projecto eficiente de alfabetização emocional é desenvolver as formas maduras e correctas de lidar com todos os tipos de sentimentos negados ou negativos: ódio, raiva, rancor, inveja, mágoa, tristeza, vingança, frustração, apego, saudade, entre outros. Há também a necessidade de se perceber o custo na esfera afectiva no decorrer da vida, qual será o preço a ser pago pela solidão, ou a carga que recebe da pessoa desejada, assim como o impacto de sua conduta emocional perante as pessoas mais próximas. A experiência do amor seria muito mais fácil para alguém que já a tenha saboreado plenamente no âmbito familiar. Quando não se teve uma experiência de tão ampla magnitude e importância, a tendência é a busca fora do ambiente privado e familiar de tal necessidade básica, com todo o atraso possível, e o problema é que quando alguém procura algo imbuído de carência e privação afectiva, despertará ao mesmo tempo todo o sentimento negativo descrito anteriormente, pois o amor obedece também a condutas em conformidade com o desenvolvimento e crescimento da pessoa, e muitos não percebem que clamam pelo mesmo de uma maneira totalmente inadequada ou infantilizada. A cura não passa apenas pelo encontro, até porque ninguém jamais terá certeza do amor perante o parceiro, mas principalmente por se revelar e exigir que o outro tome atitude semelhante; desnudando todo o seu ser. Outro ponto indiscutível é que tendo ou não um relacionamento, quase todos estão tristes, descontentes ou insatisfeitos. Todos os elementos descritos neste texto dizem do correlato do amor, que é o ódio, gerado pelo ciúme.
Ódio, sentimento totalmente negado pela cultura e moralidade, mas que assola totalmente os relacionamentos. O primeiro passo para o incremento do ódio é não ter a consciência de que as pessoas mais íntimas é que colaboram para o crescimento do dito sentimento. O início sempre é algum tipo de contrariedade ou injustiça, passando para uma experiência de ligação diária e constante em relação ao objecto ou pessoa que causou a dor tão insuportável. Mas o ódio maior é quando se tem a certeza subjectiva de que o outro poderia completar totalmente a pessoa, mas se recusou com o seu esforço ou competência para tal finalidade, conforme já escrevi. O ódio começa a surgir quando percebemos na nossa miserabilidade afectiva, e o quanto está se mendigando afecto e atenção. O ódio é uma espécie de ritual ou neurose obsessiva, algo como um totem para que a própria pessoa o cultivando constantemente se lembre da experiência da dor e tente não repeti-la. O problema é que tal processo se torna quase que infinito.
A devoção a um evento tão doloroso certamente nunca foi o melhor instrutor ou anteparo para não repetirmos determinada tragédia. A lembrança diária de um evento traumático em hipótese alguma forma uma blindagem para que tudo não se possa repetir, muito pelo contrário, o efeito é uma contaminação profunda do potencial emocional da pessoa. O preço do ódio passa pela amargura, e jamais alguém poderia acertar a sua dose, pois a potência do mesmo é devastadora. Como seria possível usar um sentimento que já nasce com um déficit? Se a reacção é instantânea, advém a fúria com consequências gravíssimas, afora a culpa e arrependimento. Se optarmos pela espera da reacção, o facto doloroso perde o sentido, e apenas resta o desejo de vingança. A grande descoberta é perceber primeiramente que talvez as nossas escolhas não foram tão acertadas, pois acabamos atraindo indivíduos incapazes de compartilhar sonhos e desejos.
O ódio é essencialmente um cunho básico de projecção. É vermos a chama mais íntima do nosso ser no outro com o aviso inexorável de quão difícil seria conseguirmos mudar, então partimos para o ataque e interiorização emocional dolorosa. A privação histórica de laços de ternura e demonstração de afecto é
o combustível máximo de tal fenómeno. Retomando a questão da família, o ódio vai se solidificando à medida que os seus membros vão fazendo um balanço completo de toda a agonia e miséria afectiva que experimentaram. Neste ponto começa um processo confuso e altamente neurótico, sendo a confusão de papéis um factor reinante. A pretensa justiça pessoal se torna mesquinhez, a impulsividade totalmente efémera, a vingança denota apenas uma prova de apego inútil e imaturo, aliado ao medo da incapacidade para criar ou recomeçar. Qual seria então o equilíbrio entre não viver o carácter rancoroso corrosivo do ódio e também não insuflar o espírito pessoal com uma sensação eterna de injustiça e indignação que fazem mal do mesmo jeito? Para responder, temos de retomar a questão da culpa, pois a mesma foi e é um dos principais factores da socialização e permanência da civilização, caso contrário, teríamos uma eterna luta pela supremacia ou complexo de superioridade.
De certa forma, é o que vemos no meio social em que estamos inseridos, assim sendo, a culpa passa a ser o bónus incompleto que o ser humano tem ou possui para avançar para outro plano de relacionamento. A civilização não é a sublimação da sexualidade para fins culturais, mas meramente o controle do ódio entre seus membros, sendo a manipulação plena do instinto para a sobrevivência do ego pessoal e que tal acto também traga um benefício colectivo. Crescer sozinho é apenas competição ou isolamento, sendo que a verdadeira evolução ou revolução é o transporte de características adquiridas e auto-conhecimento para um patamar em que várias pessoas compartilhem uma experiência de êxtase perante a descoberta do sentido da existência pessoal e formas de manejar a sobrevivência sem aniquilar os seus semelhantes. O objectivo final não é desanimar ninguém, mas que todos percebam a dialéctica da busca do prazer; sem a alfabetização emocional mencionada, a suposta satisfação se torna privação, o gozo, recalque, a convivência, palco constante de luta e conflito, e o desejo se tornará um instrumento de desenvolvimento de doenças psíquicas e físicas.
Mais importante do que procurar a origem do ódio é descobrir a necessidade de agregação do mesmo em determinada pessoa ou evento. O chamado “foco do ódio” é a máxima liberdade para a consecução do êxtase do espírito destrutivo, aniquilando por completo a rivalidade ou a frustração que alguém pode causar. Eu analiso o fenómeno do ódio como sendo a necessidade do sujeito em se tornar vítima, embora tal visão esteja mais do que correcta, pois é fundamental acrescentar-se um factor muito importante: o impulso de se arquivar uma reserva mental destrutiva. Mas em que circunstância seria utilizada? O ódio pode ser uma defesa prévia contra qualquer tipo de ataque ou rejeição, assim como assinala a dificuldade de determinada pessoa em preservar os seus relacionamentos. Ambos estes traços de carácter assinalados vivem constantemente a tragédia, mas o ódio também é uma fronteira hermética contra o desespero, que é a prova final do esforço infrutífero na capacidade pessoal de despertar interesse para alguém. Esquecer o evento traumático é superar a sensação de miserabilidade na mais íntima esfera pessoal, desenvolvendo os recursos que sempre assinalem para o indivíduo que ele pode novamente recomeçar. O perdão só é viável quando o seu pilar mais forte, o apego é atacado formalmente ou frontalmente, porque o grande problema é que o esquema social acarreta uma imensa sensação de deficit na área do prazer e realização pessoal.
O amor é o mais tenro e frágil sentimento que a qualquer instante é soterrado por todos os seus acompanhantes negativos descritos neste texto. Se nos afastarmos da visão ingénua do romantismo percebemos o quanto o amor é quebradiço e necessita de um cuidado constante, ao contrário do que estamos acostumados a viver, como uma espécie de paixão que podemos nos regozijar a vontade, sem nunca acabar o seu fluxo. Já o ódio reflecte a comparação entre o complexo de superioridade e inferioridade; Ambos os fenómenos mantêm uma estreita relação de interdependência. Se alguém se julga inferior, pode complementar tal falta com um desejo de superioridade económica, estética ou sexual; o contrário também é válido, a pessoa que se sente num patamar superior pode desenvolver todo o tipo de culpa e arrependimento que a coloque novamente num patamar inferiorizado. O ódio retém um longínquo desfasamento na questão da auto-estima.
Repetir e viver intensamente a dor agora é o motivo pleno da vida do sujeito, daquele que se julga infeliz, desprezado e até tratado como farrapo humano, porque foi literalmente excluído do seu direito ao prazer ou de uma vida regular de satisfação. É neste exacto ponto que os Amigos e a Amizade sincera podem intervir, porque devem ser radicais, combatendo não apenas o vício da visão pessimista e sombria, mas mostrando à pessoa aquilo que constantemente sabota e aquilo que mais procurou e procura insistentemente. Desenvolveu a intolerância perante o fluir das emoções, abdicando do gozo pessoal pela competição e disputa de poder, e tornando-se o mostruário exacto dos processos perpetrados diariamente no nosso meio.
O ódio alinha-se totalmente a um desejo de liberdade frustrado. A saída seria concentrar a energia no potencial próprio visando novas etapas de criatividade e desenvolvimento, mas porém não é o que ocorre, sendo que a reacção de rancor e o investimento no confronto são o que prevalecem na maioria das vezes. Sem dúvida a mais profunda coragem é o rompimento, o cortar de laços corrompidos pelos sentimentos negativos e isto é um sonho em que o desejo de liberdade atinge o seu ápice. A essência da neurose como descrevi no texto é esta: a luta interminável para desenvolver uma meta nova em vários campos versus o conflito por reaver o que se sente retirado e negado. Coragem então é o avanço, e a neurose não é somente a pedra neste trajecto, mas o total desânimo e desconsolo para o recomeço.
Agora vou retomar o assunto principal deste texto: "O Ciúme".
Este sentimento, é difícil de definir, mas pode ser considerado normal. Para se ser ciumento é preciso ser perseverante no objecto do amor e é preciso um grau importante de frustração nesta intenção de amar. O indivíduo ciumento julga sem muita base de segurança que não é correspondido e começa a desenvolver uma cascata de sentimentos torturantes que o levam a sentir raiva, mas que não pode manifestá-la, a sentir temor e não pode fugir, a querer impor-se e ter medo de perder, a querer não sentir e ficar mais confuso. Da fé no amor chega ao desespero, e por isto afirmo que o ciúme é considerado um demónio perturbador e destabilizador da personalidade onde o indivíduo vive o que acha que é, mas não tem certeza, mas que também não pode ser de outra forma. Não há ciúme sem existir inveja e insegurança. O ciumento por amor à vida deseja amar e se não o consegue passa a agredir-se e a agredir o seu companheiro sem racionalizar, e eu afirmo sem me enganar muito ou sem errar que considero os homens mais ciumentos que as mulheres.
O ciúme é o efeito de um sentimento mal elaborado em relação ao amor. O ciumento deseja amar, mas não sabe amar sem ser da sua maneira.
O ciúme é o amor transformado em sentimento de posse e a cobrança
de um sentimento que não está sendo correspondido à altura desejada, gerando assim conflito e desespero íntimo. O ciúme é um defeito moral vinculado à imaturidade ou a insegurança emocional. O ciúme é uma carência de natureza moral, pois essa carência pode provocar na criatura que sente uma necessidade de receber exclusivamente todas as atenções culminando no egoísmo de alto grau. Dependendo do nível desta carência pode advir então um ciúme incontrolável e doentio que afecta o equilíbrio mental. Devemos procurar combater as nossas más inclinações, porque o ciúme, propriamente considerado nas suas expressões de escândalo e de violência, é um indício de atraso moral ou de estacionamento no egoísmo, dolorosa situação que o homem somente vencerá a golpes de muito esforço, na oração e na vigilância, de modo a enriquecer o seu íntimo com a luz do amor, começando pela piedade para com todos os que sofrem e erram, guardando também a disposição sadia para a cooperação na elevação de cada um.
Só a compreensão da vida, colocando-nos na situação de quem errou ou de quem sofre, a fim de iluminarmos o raciocínio para a análise serena dos acontecimentos, poderá aniquilar o ciúme do coração, de modo a encerrar-se a porta do perigo, pela qual toda a alma pode atirar-se a terríveis tentações, com largos reflexos nos dias do futuro.
Agora vou virar-me para o arrependimento, só para escrever umas breves palavras. O arrependimento conduz-nos à salvação da alma, da mente e do coração. De todas as emoções mais amargas sentidas pelos seres humanos, está o arrependimento. Ele chega tardiamente, embrulhado em sombras, trazendo o gosto do fel. Insinua-se como tóxico penetrante, quando
não irrompe desgovernado, produzindo desastre emocional, psíquico e mental. Nunca antecipa a sua presença, mas quando chega mata a esperança, subjuga a coragem e vence a resistência.
É útil para despertar a consciência e desastroso para a convivência demorada, porque destrói a vida., e desta forma ou maneira, o arrependimento deve ser aproveitado, pela alma que o sente, para elevar-se acima da sua influência perniciosa. Quando a luz do arrependimento se acende na consciência culpada, esta visualiza, com nitidez, os erros cometidos e julga-se irremissivelmente perdida.
Mas o arrependimento, ao contrário do que se pensa, é bênção que enseja ao arrependido maturidade e convite à reparação. O arrependimento é a porta que se abre para que a alma equivocada busque o acerto e se renove para Deus. Assim, se o arrependimento nos visitar, algum dia, não façamos dele motivo para o desalento, mas antes pelo contrário, devemos agir rapidamente para recuperar o tempo perdido, porque é tempo de preparar o futuro lançando sementes que produzam bons frutos; Assim, se o arrependimento bater às portas da nossa consciência, devemos acolhê-lo com a tranquilidade de quem reconhece que se equivocou, de quem reconhece o erro cometido, mas que deseja, sinceramente, refazer a lição com acerto. Para evitar arrependimentos futuros devemos fazer, no presente, o melhor que estiver ao nosso alcance. A nossa consciência é um guia seguro para nortear e orientar as nossas atitudes, uma vez que nela estão inscritas as leis divinas. Para terminar estas breves palavras sobre o arrependimento, afirmo que se nos arrependermos é jamais termos que pedir perdão. Lá está outra vez a Amizade interligada e metida neste assunto do arrependimento. Se sou amigo de alguém com A grande, não tenho que lhe pedir perdão, porque a amizade tudo perdoa, tudo desculpa, e isto se a Amizade for pura, leal, sincera e verdadeira.
Vou voltar ao tema principal deste texto.
O ciúme não é apenas a desconfiança, mas uma certeza que se transforma em algo mórbido, por percebermos que o outro pode ou poderá não apenas atingir uma maior satisfação e poder sobre nós, mas, que em síntese, soube lidar melhor com os seus complexos de rejeição e inferioridade, e por isto tudo afirmo com convicção que o ciúme é o irmão gémeo da inveja.
Uma das experiências de maior angústia que recaem sobre o ser humano, é quando o mesmo descobre que apesar de usufruir de determinado relacionamento, não conseguiu efectivamente eliminar o problema da solidão. A primeira sensação é o de sentir que não se tem o que se merece, causando ansiedade e total desconforto pessoal. A primeira e básica lição para qualquer tipo de relacionamento, é expor a insatisfação, sendo este acto uma prova de real amor, pois abre a porta para que ambas as pessoas reflictam sobre o desafio de estar com alguém e manter a chama do prazer. A falta do diálogo franco e profundo, apenas aprisionam ambos nos fantasmas da carência e insatisfação generalizada. Toda a vivência negativa deveria ter o intuito de transformar determinada barreira num novo caminho de evolução da relação. Infelizmente preferimos perder o nosso parceiro para um trauma mal resolvido do inconsciente da pessoa, renegando por completo o potencial criativo e a coragem de mudar. Como é extremamente fácil perder aquela habilidade ou fidelidade em admirar o outro. O facto é que a maioria dos relacionamentos, provam a dificuldade de se encontrar pessoas que realmente caminhem juntas, no mais profundo das suas almas e atitudes. As pessoas poderão indagar sobre qual é o maior problema que incide sobre determinada relação, destruindo o seu conteúdo. A minha resposta é que as estruturas sociais reproduzem-se em todos os relacionamentos, criando classes sociais, assim como nos aspectos económicos. Temos então o rico e pobre, sendo este último um total dependente afectivo. A tensão destes opostos irá produzir um combate interminável dentro da relação. Um outro aspecto desta questão é o problema do narcisismo, pois quando observamos a vaidade em determinada pessoa, ou a segurança que a mesma demonstra emitir, este processo não deixa de ser a retirada da energia do outro para benefício próprio. Este é o sinal mais marcante da nossa era, a competição incessante para testar quem realmente detém o poder em todas as frentes. A solidão sentida a dois, não deixa de ser uma espécie de teste sobre o que mais sentimos ao lado de alguém: ansiedade, desejo de fuga, desprezo ou rejeição. A armadilha não é a exposição constante perante tais sentimentos negativos, mas como já afirmei neste texto é a incessante negação dos mesmos. Deveríamos estar conscientes de que uma relação eterna será uma dualidade ou um conflito de opostos, nunca algo linear de prazer que possamos pegar quando nos sentimos famintos. A busca histórica da beleza ou da perfeição encaixa-se neste contexto, pois tem a função de entorpecer a própria pessoa, sendo mais fácil admirar um objecto, do que fazer uma introspecção diária sobre as dificuldades de como lidar com os nossos sentimentos. Uma atitude amorosa implica em pensarmos sobre o que devemos doar ao outro, o que o mesmo necessita perante a sua vida, os seus desejos acumulados, as suas frustrações e outras coisas. Qual o ponto que pode libertar a pessoa ou então reforçá-la no seu cárcere pessoal e emotivo? Um dos grandes problemas na vida a dois, é o desprezo quase absoluto perante a intuição. Todas as pessoas que reclamam dos seus parceiros, perceberam outrora que havia algo de errado, mas contudo porém rejeitam os indícios, precisamente pelo apego, poder e medo da perda. Não se trata aqui de pregar uma separação ao primeiro sinal de problema, mas a importância de se eliminar as armadilhas citadas anteriormente, pois a dualidade é um dos constantes companheiros do relacionamento, e a sua negação apenas reforça a sua intensidade. Uma das últimas coisas genuinamente humanas que ainda somos obrigados a sentir, é a capacidade de compaixão pelo sentimento de solidão, e a consequente capacidade de perceber as suas necessidades, e quanto isto afecta até a nossa vida íntima. Quase todos procuram defender-se numa rotina diária de vida ou até mesmo sexual, para não lidar com o problema da carência básica do parceiro. A histórica falta de diálogo numa relação é o mais puro fruto de tal facto, e é a ausência dele perante o dilema do outro. Isto é lamentável, pois uma das maiores alegrias humanas é justamente saber lidar abertamente com tais dependências pessoais.
A pergunta que dificilmente conseguimos responder é esta: qual é a maior ofensa produzida pelo parceiro no decorrer de uma relação? É a falta do companheirismo, da intimidade, da cumplicidade, do humor, da diversão, da liberdade pessoal, entre outras. Uma escolha totalmente infeliz de um parceiro significa não apenas uma necessidade de mudança, mas a imposição da dor como último recurso do resgate dos reais anseios da pessoa. Alguém que se encolheu a vida inteira, certamente precisará do tratamento de choque para começar a enxergar determinados processos. A solidão a dois é a prova de que a busca de determinada pessoa, apenas diz que se trata de uma tarefa demasiada pequena perante os desafios emocionais futuros. Somos quase que totalmente desprovidos da ambição no terreno emocional, já que deixamos todas as tropas no lado económico.
A solidão é um dos instrumentos mais preciosos da medida e localização das nossas dependências, sejam as mesmas emocionais ou de qualquer outra natureza. Neste ponto, posso afirmar que o próprio ciúme não é apenas a desconfiança, mas uma certeza que se transforma em algo mórbido, por percebermos que o outro pode ou poderá não apenas atingir maior satisfação e poder sobre nós, mas, que em síntese, soube lidar melhor com os seus complexos de rejeição e inferioridade. O ciúme é o irmão gémeo da inveja, como já afirmei e escrevi neste texto, porque apenas as rotas tomam direcções opostas. O primeiro é constantemente demonstrado, fazendo com que a pessoa se vicie em medo constante, e no segundo, há a completa omissão do sentimento, restando uma torcida inconsciente para que o parceiro fracasse nos seus empreendimentos, nivelando-se na miséria afectiva do outro. O desejo de uma romance acentuado e infantilizado dentro de um relacionamento, representa sempre uma fuga da reflexão de que o mesmo pode acarretar uma intensa solidão a dois. Nos dias actuais, deparamo-nos com uma contradição absurda, de que por um lado nos vemos frente a horrível sensação de não termos ninguém, e cairmos doentes nas várias neuroses, e paralelamente, termos receio de investirmos profundamente numa pessoa que mais tarde contrarie os nossos desejos, e então optamos, não pela entrega, mas na fixação imaginária de modelos passados de satisfação ou até mesmo de dor. Quantos de nós, realmente almejam ou ambicionam abandonar o seu inferno privado? Se sabemos que os nossos sentimentos estão extremamente contaminados, deveríamos proceder a uma filtragem dos mesmos e essa mesma filtragem daria a coragem de pensar, e principalmente fazer com que ambas as pessoas viessem para uma relação sem projectos fechados.
Uma separação torna-se necessária quando descobrimos que o parceiro tem uma necessidade interna de independência perante os nossos desejos. Neste ponto há a morte plena do relacionamento. Sem dúvida, esta é a experiência mais dolorosa da solidão a dois. Mais cedo ou mais tarde descobrimos que sonhar é esperar alguém habilitado para satisfazer os nossos desejos, e insisto nesta questão novamente, por se tratar do desafio máximo na nossa sociedade egocêntrica. Apenas mostramos a vaidade e o poder, ao invés da compaixão e ajuda perante alguém. A entrega causa medo e sentimento de inferioridade. Qualquer pessoa um pouco madura já percebeu que a estratificação de sua personalidade ocorre após uma terrível experiência de perda, e no que se transformou após o ocorrido. A maturidade é o modo como lidamos com a dor, e a pessoa liberta é a que enfrenta abertamente toda a sua carência, ao contrário daqueles que são meros coleccionadores de imagens passadas. Todos dizem que buscam alguém para envelhecer em dupla, dividir momentos de prazer e dor, e que a beleza acaba cedo, sendo o importante a essência da parceria. Embora tudo isto seja correcto, o facto é que a "eternidade" de um relacionamento é mensurada na capacidade de ambos proverem continuamente novas experiências, sendo constantemente criativos perante os desejos e potencial do outro. O preço máximo a ser pago por nosso consumismo económico é atrair parceiros descartáveis, causando no final a perda da libido existencial. Se até ao presente momento a humanidade foi absolutamente incompetente para produzir um modelo económico sem miséria material, seria absurdo pensar que não sofreríamos a miserabilidade afectiva e psíquica. Não se trata de fazer política sobre um assunto afectivo, mas antes concluir que qualquer processo individual é o fruto de um todo onde cada um se insere. Ninguém almeja a solidão que é a prova máxima da desumanidade, mas quase todos se iludem ao pensarem que estão acompanhados. Enfim, uma das coisas primordiais para efectuarmos uma tomada de consciência profunda, é o perceber sobre qual o tipo de imagem que ambos os parceiros formaram no decorrer da relação: pai, amigo, companheiro, terapeuta, dentre outras. Esta tarefa parece um tanto óbvia, mas é espantosa a omissão das pessoas perante tal facto. A busca pela segurança e pela estabilidade são o maior obstáculo para o crescimento em conjunto. Não apenas as imagens passadas mudam, mas também há um incessante bombardeio por novas expectativas e possibilidades. Amar não é um treino, um dom, ou um esforço, mas antes a junção sincrónica de desejos e atitudes, liderados pela motivação da criatividade permanente, porque amar é a responsabilidade pela evolução do outro, e principalmente a plena satisfação. Temer qualquer contacto ou ajuda, é viver numa espécie de culto ao sofrimento.
Vou terminar este texto escrevendo umas breves e incisivas conclusões. Não escrevo para agradar a alguém, mas antes transmito aquilo que me vai na alma, na consciência e até no coração.
Eu entendo que ser Amigo é amar alguém sem esperar algo em troca; É estar sempre pronto e disponível. Só é pena que muita gente não entenda assim e que desconfie de mim ou ponha em causa os meus sentimentos. Já não chega de sofrimento no meu coração e na minha alma? Pior que a morte do corpo é a destruição da alma, e por isso peço, suplico, rogo e imploro às pessoas que nunca ponham em causa aquilo que sinto, faço ou digo. Nunca tive segundas intenções e não é agora com esta idade que eu irei reformular a minha conduta ou a minha maneira de ser, estar, ou pensar. Não posso mudar mentalidades, mas posso fazer com que sejam mais puros de pensamentos, palavras e acções.
Depois de algum tempo nós aprendemos a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma, e aceitamos que não importa quão boa seja uma pessoa, porque ela vai ferir de vez em quando e nós precisa perdoar por isso. Amar é isto, amar com Amizade.
Devemos ou deveríamos aprender que falar, conversar sem tabus pode aliviar dores emocionais e por isto tudo afirmo que descobrimos que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que nós podemos fazer coisas num instante, das quais nos arrependemos pelo resto da vida.
Devemos ou deveríamos aprender que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que nós temos na vida, mas quem nós temos na nossa vida, e que bons amigos são a única família que nos permitiram escolher.
Devemos ou deveríamos aprender a descobrir que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto, mas mesmo muito curto.
Devemos ou deveríamos aprender que heróis são aquelas pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências.
Devemos ou deveríamos aprender que paciência requer muita prática.
Devemos ou deveríamos aprender que a maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que já se teve e o que nós aprendemos com elas do que com quantos aniversários já celebramos.
Devemos ou deveríamos aprender que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, porque algumas vezes nós temos que perdoar a nós mesmos.
Devemos ou deveríamos aprender que o tempo não é algo que possa voltar para trás, e por isso devemos plantar o nosso jardim e decorar a nossa alma, ao invés de esperar que alguém nos traga flores, e assim aprendemos que realmente podemos suportar, que realmente é forte, e que podemos ir muito mais longe depois de pensarmos que não se pode mais, porque realmente a vida tem valor e que nós temos valor diante da vida e as nossas dádivas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar.
As pessoas deviam conhecer-me melhor, o meu íntimo, a minha maneira de pensar, ser, estar e ficar, pois só assim conseguiriam emitir com justiça uma verdadeira e pura opinião, sem erros, sem mentiras.
Para terminar este longo texto, que é mesmo uma autêntica confrontação, só quero pedir perdão ou desculpas pela extensão do mesmo.
Para terminar uma pergunta eu faço e deixo-a ficar aqui escrita:
"QUEM PODERÁ DERROTAR O AMOR, SE ELE FOR VIVIDO COM CHAMA, COM SINCERIDADE, COM LEALDADE E LIBERDADE TOTAL PELA INDEPENDÊNCIA DO PARCEIRO?”.