segunda-feira, 5 de maio de 2008

PARADOXOS DO NOSSO TEMPO


Desde as primeiras idades da humanidade até aos tempos actuais houve grandes progressos e isso é muito positivo.
O progresso tecnológico demonstra que o homem caminha a passos largos na direcção de melhores condições de vida e conforto para toda a gente.
Mas, apesar do progresso intelectual conquistado, muitas criaturas ainda se debatem nas sombras da miséria moral, porque só levam em conta os empreendimentos materiais.
Construímos auto-estradas amplas, mas não ampliamos o nosso ponto de vista. Gastamos muito, consumimos mais, e desfrutamos menos, porque nada nos satisfaz. Temos casas maiores e famílias menores, mais ocupações e menos tempo para dedicarmos aos afectos.
Buscamos o conhecimento e permitimo-nos um fraco poder de julgamento. A medicina está mais avançada, mas não conseguimos soluções para as graves doenças que assolam a humanidade. Bebemos demais, fumamos em demasia, gasta-se de forma perdulária e não conquistamos a verdadeira alegria. Conduzimos demasiado rápido, irritamo-nos com facilidade e não temos paciência. Raramente lemos um livro. Ficamos muito tempo diante da televisão e dificilmente rezamos. Multiplicamos as posses materiais, mas diminuímos os nossos valores. Falamos demais, amamos menos e odiamos com muita frequência. Aprendemos como ganhar a vida, mas não sabemos como aproveitá-la bem. Adicionamos anos à extensão de nossas vidas, mas não vida à extensão dos nossos anos. Já fomos à lua e dela voltamos, mas temos dificuldade em atravessar a rua para nos encontrarmos com o nosso vizinho. Conquistamos o espaço exterior, mas desconhecemos a nossa intimidade. Fazemos coisas em quantidade, e poucas vezes nos importamos com a qualidade. Limpamos o ar, mas poluímos a alma. Dividimos o átomo, mas não os nossos preconceitos. Falamos muito, reclamamos em demasia, mas poucas vezes prestamos atenção nas nossas próprias palavras e, raramente ouvimos o nosso próximo com sentimento e calma.
São tempos em que planeamos muito, e realizamos menos. Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência. Temos tido excessivo cuidado com as coisas exteriores, e pouco valor ao padrão moral. Temos amealhado bens materiais, mas não logramos construir a paz íntima. Possuímos computadores que nos permitem viajar pela aldeia global em poucos minutos, mas diminuímos a comunicação com as pessoas que nos rodeiam. Conseguimos muitos relacionamentos ao longo da vida, mas não nos preocupamos em cultivar afectos verdadeiros.
Estes são tempos em que se deseja a paz mundial, mas não se envidam esforços para acabar com a guerra nos lares. São dias conturbados, de casas mais belas, famílias desfeitas, e lares destruídos.
Enfim, estes são tempos que me levam a escrever estas palavras, para que as mesmas te deiam total liberdade de escolha entre reflectir sobre elas, ou simplesmente ignorar.

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