quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

AMOR E PERSEGUIÇÃO

As pessoas ficam procurando o amor como solução para todos os seus problemas quando, na realidade, o amor é a recompensa por termos resolvido os nossos problemas. Copiem. Decorem. Aprendam. Temos a mania de achar que o amor é algo que se busca. Buscamos o amor nos bares, buscamos o amor na Internet, buscamos o amor na paragem do autocarro, no banco do jardim. Como num jogo de esconde-esconde, procuramos pelo amor que está oculto dentro dos bares, discotecas, nas salas de aula, nas plateias dos teatros. Ele certamente está por ali, onde quase podemos sentir o seu cheiro, precisando apenas descobri-lo e agarrá-lo o mais rápido possível, pois só o amor constrói, só o amor salva, só o amor traz felicidade. Entendam. Aceitem. Pratiquem. Amor não é medicamento. Se estamos deprimidos, histéricos ou ansiosos demais, o amor não se aproximará, e, caso o faça, vai frustrar a nossa expectativa, porque o amor quer ser recebido com saúde e leveza, e ele não suporta a ideia de ser ingerido de quatro em quatro horas, como um antibiótico para combater as bactérias da solidão e da falta de auto-estima. Nós já ouvimos muitas vezes alguém dizer: "Quando eu menos esperava, quando eu havia desistido de procurar, o amor apareceu". Claro, o amor não é estúpido nem burro, quer ser bem tratado, por isso escolhe as pessoas que, antes de tudo, tratam bem de si mesmas. Divulguem. Repitam. Convençam-se. O amor, ao contrário do que se pensa, não tem que vir antes de tudo: antes de estabilizar a carreira profissional, antes de se viajar pelo mundo, de curtir a vida. Ele não é uma garantia de que, a partir do seu surgimento, tudo o resto dará certo. Queremos o amor como pré-requisito para o sucesso nos outros sectores, quando, na verdade, o amor espera primeiro que nós sejamos felizes para só então surgir diante de nós sem máscara e sem fantasia. É essa a condição. É pegar ou largar. Para quem acha que isso é chantagem, arrisco sair em defesa do amor: ser feliz é uma exigência razoável e não é tarefa tão complicada. Felizes são aqueles que aprendem a administrar os seus conflitos, que aceitam as suas oscilações de humor, que dão o melhor de si e não se autoflagelam por causa dos erros que cometem. Felicidade é serenidade. Não tem nada a ver com piscinas, carros e muito menos com príncipes encantados. O amor é o prémio para quem relaxa.

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