quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

ENTRE LINHAS: "PERDÃO"

O perdão aos outros é um modo de dizer que já nos aceitamos integralmente, com a nossa própria sombra. O perdão é a própria aceitação da vida como ela é, e o auto perdão é o sacudir da poeira, é a renovação da auto estima e da alegria de viver, é o caminho da integridade e da felicidade. Existem pessoas nas nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples facto de se terem cruzado no nosso caminho. Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras apenas vemos entre um passo e outro. A todas elas chamamos de amigos. Ha muitos tipos de amigos. Talvez cada folha de uma arvore caracterize um irmão, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós. Passamos a conhecer toda a família de folhas, a qual respeitamos e desejamos o bem. Mas o destino nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que iam cruzar o nosso caminho. Muitos desses denominamos amigos do peito, do coração. São sinceros, são verdadeiros. Sabem quando não estamos bem, sabem o que nos faz feliz... Às vezes, um desses amigos do peito estala o nosso coração e então é chamado de amigo namorado. Esse dá brilho aos nossos olhos, música aos nossos lábios, pulos aos nossos pés. Perdoar, mais que um acto nobre, ou demonstração do que seja, é a libertação interior para podermos sonhar os nossos sonhos, descobrir as nossas oportunidades, e principalmente, perceber no nosso dia-a-dia as oportunidades que Deus tem preparado para nós. Devemos dar uma oportunidade ao nosso coração de ser feliz e encontrar a direcção certa: Perdão. Devemos conceder o perdão de forma audível contra aqueles que nos ofenderam, mesmo que já se foram deste mundo, devemos dizer eu perdoo-te por isto que me aconteceu, eu perdoo por aquilo que tinha de acontecer e não foi feito. Devemo-nos libertar de tudo o que nos aprisiona de poder usar aquilo que torna o homem único na sua existência: a capacidade de sonhar, de descobrir horizontes, de amar e de ser feliz, mas sobretudo saber perdoar. O perdão antecede o arrependimento e quando se perdoa verdadeiramente restabelecesse a liberdade do outro sem fazer perguntas, sem impor pré-requisitos, sem exigir o arrependimento, sem buscar a vingança. Não se deve esperar, aguardar ou induzir o arrependimento para ai sim perdoar, porque quando alguém fica sabendo que é amado, aceite, perdoado, então sim está livre para responder em arrependimento. O perdão vem primeiro, porque o arrependimento é motivado pela experiência do verdadeiro perdão. Ninguém se arrepende verdadeiramente até que tenha experimentado a possibilidade de ser perdoado. O perdão é um acto de integridade que reconhece que um erro aconteceu, foi assumido, e que ambas as partes envolvidas lidaram com ele de maneira responsável, mas enquanto não houver arrependimento o amor deve agir, porque o amor escolhe ver o outro novamente como alguém de valor, apesar do erro. O amor restaura as atitudes de valorizar-se e importar-se com o outro. O amor é a base para o perdão, mas é apenas o primeiro passo. O arrependimento é o segundo. Quando a confiança estiver restaurada e houver reconhecimento mútuo de que se voltou a ter um relacionamento construtivo, então o perdão tornou-se realidade.

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