segunda-feira, 7 de julho de 2008

DESABAFO FINAL DO PROFETA


Naquela manhã um homem chegou ao trabalho, à tropa, um tanto cabisbaixo.

Problemas se somavam e pesavam sobre a sua sensibilidade de idealista.

Estava difícil suportar. Foi então que, durante a manhã de trabalho, na pausa para o café, ele não consegue controlar as lágrimas que lhe escorrem pelo rosto, em abundância.

Uma colega, que o observava, em silêncio, estendeu as mãos e segurou as dele, num gesto de ternura.

Foi uma atitude simples, mas significou muito para aquele homem, pois ele sabia que a colega tinha uma vida super atarefada; muitas actividades e preocupações, filhos, marido, trabalho, mas, mesmo assim, tinha tempo para dedicar ao colega, para estender-lhe as mãos.

Aquele gesto simples levou o homem a escrever sobre a importância das mãos. O texto diz mais ou menos assim:

As mãos podem muitas coisas: oferecer apoio no momento certo, estender-se para consolar, segurar firme para amparar.

Mas o que mais podem as mãos?

As mãos saúdam, as mãos sinalizam. As mãos envolvem, dão carinho.

As mãos estabelecem limites. Escrevem. Abençoam.

As mãos desenham no ar o "adeus", o "até logo".

As mãos agasalham. Curam feridas.

Para o mudo a mão é o verbo. Para o idoso é a segurança.

Para o irascível a mão erguida é ameaça. Para o pedinte a mão estendida é súplica.

Para quem ama, a mão silenciosa, que acolhe a do ser amado, é felicidade.

Para quem chora, a mão alheia é conforto.

Há mãos que agarram, perturbadas. Há mãos que tocam, suaves. Há mãos que ferem. Há mãos que acariciam. Há mãos que amaldiçoam.

Há mãos que abençoam. Há mãos que destroem. Há mãos que edificam, trabalham, realizam.

Há pessoas que transmitem energias, através da imposição de mãos, entregando-se a essa tarefa tão bela do amor.

As nossas mãos podem exteriorizar o amor, construindo templos, hospitais e escolas, fabricando vacinas e equipamentos médicos, alimentando famintos, medicando enfermos...

Podem concretizar a paz social assinando tratados de armistício, escrevendo livros, guiando carros, pilotando aviões, varrendo ruas, tocando instrumentos musicais, pintando telas, esculpindo, construindo móveis, prestando serviços...

Podem manifestar fraternidade, ao lembrarmos da essencialidade do humano, da sensibilidade, da empatia, estendendo-as a um colega que, num dia difícil, põe-se a chorar.

ESTE HOMEM QUE NO TRABALHO CHOROU SOU EU.

AS TUAS MÃOS SÃO ABENÇOADAS FERRAMENTAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO MELHOR.

USA-AS SEMPRE PARA EDIFICAR, ELEVAR, DIGNIFICAR, APOIAR, ACENAR COM A ESPERANÇA DE MELHORES DIAS...

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