segunda-feira, 14 de julho de 2008

TÉDIO


Muitas pessoas estabelecem objectivos de vida, que passam a ser procurados com intensa determinação.
Limitam os seus interesses na conquista dos seus sonhos e quando os alcançam nem sempre encontram neles o sentido e o significado que esperavam. A meta, que por tanto tempo representou a razão de viver, cede lugar ao tédio, empurrando os seres para os abismos da depressão ou dos vícios.
Por vezes, são pais que colocam na vida dos filhos os próprios sonhos, porque projectam no futuro dos seus descendentes os desejos que eles próprios não puderam realizar. No entanto, os filhos crescem e devem enfrentar as próprias lutas e dar rumo às próprias vidas, mas por vezes a constatação dessa verdade causa nos pais, mais desprotegidos, uma amarga aflição.
Outros, ainda, anseiam por alcançar um patamar elevado na carreira para amealhar, assim, consideráveis recursos financeiros.
Existem ainda aqueles que se esforçam para ter fama e destaque na sociedade e que, quando os alcançam, amargurados e vazios, entregam-se às drogas e aos abusos do sexo.
Inquietação e desequilíbrio costumam servir de base na busca por objectivos imediatos de prazer e de satisfação.
Tais metas são frutos do egoísmo que ainda move os seres, e quando alcançadas produzem tão somente rápida e passageira satisfação, porque em pouco tempo a antiga e conhecida sensação de aborrecimento e de vazio volta a exercer forte influência no quotidiano, como se todo o esforço tivesse sido em vão, inglório, como se toda a luta não tivesse valido a pena.
Nos lábios, a impressão de que alguma palavra ficou faltando, na boca, a permanente sensação de sede. É a fome da realização plena, da satisfação total, da felicidade eterna. É uma sensação de que, em sonho, tudo era mais belo.
É o tédio, terrível flagelo que consome existências. Silencioso, penetra suavemente no comportamento, instalando-se na mente e nos sentimentos, depauperando e dominando os seres humanos.
Quando tu perceberes que estás a um passo do tédio, assume uma nova postura e procura uma actividade que te preencha o tempo físico e mental de forma útil. Nunca te consideres impossibilitado de trabalhar, de agir no bem e de produzir. Considera o esforço dos artistas sem braços, sem pernas, que se revelaram excelentes pintores, escultores, artistas, ricos de inspiração e de uma ínfima alegria de viver.
Reflecte sobre a vida de outros seres humanos que se transformaram em mensageiros de uma renovação interior, e se tornaram membros indispensáveis da economia moral e social no mundo. O esforço que lhes foi exigido não lhes concedeu tempo para qualquer forma de tédio ou de desinteresse, nem se entregaram à lamentação ou ao desencanto.
Nunca cesses de edificar, nem permitas a ti próprio que contemples a rectaguarda do que já foi feito, mas antes examina a perspectiva do quanto ainda necessitas realizar. Aspira à conquista do infinito e nunca te sentirás cheio de tédio com os logros conseguidos.
Quem se basta com as aquisições meramente materiais ainda não alcançou a real maturidade, nem descobriu as prioritárias metas existenciais, e aquele que pauta pela alegria do viver, não apenas pelo que conseguir deter nas mãos, jamais será vítima do tédio, porque estará sempre em acção, sentindo-se útil, feliz, e realizado.

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