quarta-feira, 29 de abril de 2009

SOMOS O QUE AMAMOS

"Somos o que amamos" é uma expressão que está incluída no pensamento de Santo Agostinho. Uma frase lapidar e de que mais gosto. Uma frase que traduz de maneira ímpar a experiência mais pura e cristalina do que é o amor. O amor identifica-se com o quotidiano e estende-se para toda a eternidade. Uma leveza infinita que habita nos nossos corações. Uma alegria suave que nos atravessa o corpo. Por que não dizer que o amor é uma realidade maior que nos arranca de nós mesmos? E, com isso, fazemo-nos dom para aqueles que amamos. Quando aprendemos que "somos o que amamos" descobrimos que por tantos e quantos caminhos andarmos estaremos sempre na companhia da pessoa amada. O nosso corpo transforma-se no corpo dela. Os nossos sonhos são extensão dos sonhos dela. Os nossos desejos confundem-se com os dela. Afirmo o seguinte: "Amar é dizer a alguém - Tu não morrerás". Fantasia, imaginação, afectividade, inteligência prendem-nos ao processo de amar e de nos transformar na pessoa amada. O nosso ser fica cativo do amor. Fico pensando que o amor leva-nos a viver uma pontinha de egoísmo. Afinal, desejamos a eternidade para a pessoa que amamos e para nós mesmos, que estamos amando. Diante do amor renunciamos a interrupção, o cansaço, o término e o passageiro e abraçamos a eternidade como projecto único e suficiente de vida. "Somos o que amamos" revela que a força do amor reside no desejo de ajudar no crescimento do outro fazendo-o melhorar e superar os seus limites. O amor não teme enfrentar o lado obscuro do outro e não desanima. Ao contrário, fala quando acredita na força de uma conversa tida com amor. O amor é capaz de gerar um clima de empatia no qual os gestos e as palavras, nascidos do conhecimento do outro, penetram suave como a chuva fina e leve.

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