terça-feira, 20 de outubro de 2009

AMIGO


Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração. Os amigos são valiosos tesouros, e que o amigo merece o melhor de nós. Nas nossas vidas, existem pessoas especiais próximas de nós, a fim de que, em momentos cruciais, se constituam em sustentáculos na adversidade. São os amigos que nos ouvem as dores dilacerantes e nos oferecem os seus ombros para apoiarmos a cabeça, quando não nos oferecem também braços generosos de amparo.
São os amigos que partilham connosco os momentos das conquistas, das alegrias, tanto quanto socorrem nas horas de angústia e sofrimentos. Quando os afectos partem, ingressando na vida espiritual, são os amigos que nos sustentam a fragilidade, alimentando-nos com a sua presença. Quando a enfermidade se abate sobre o nosso lar, atingindo os que amamos, e se arrasta, morosamente, por meses a fio, são os amigos que realizam o revezamento espontâneo, nas horas das noites solitárias ou das madrugadas que parecem eternas, permitindo-nos o repouso restaurador do sono imprescindível. Quando a carência nos atinge, o desemprego se instala, são os amigos que se elegem como empregadores, como detectives atenciosos à procura de oportunidades, como promotores de recursos para nos sanar as necessidades mais prementes.
Tanta vez a parentela corporal permanece distante ou se esquiva diante da dor que nos chibata a alma.
Ainda aí os amigos percebem o sofrimento mais oculto, a dor mais aguda e acorrem com o medicamento da sua ternura, o algodão delicado da palavra correcta, no tempo preciso.
Almas que assim se dispõem, na qualidade de amigos, como tutores das nossas vidas, são espíritos dedicados que não aguardam sequer a medalha da gratidão. Para eles não há hora inconveniente, tempo mau ou insuficiência de recursos, tudo realizando a bem do que conceituam como amizade.
Compete-nos, agradecer por existirem estas almas dedicadas, revestidas da carne, que se nos transformam em verdadeiros anjos da guarda.
Compete-nos demonstrar-lhes o amor que lhes temos, como forma mínima de gratidão, sem esquecermos que muitos deles, mesmo após terem extintas as suas vidas terrenas, permanecem velando por nós.


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