quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FELICIDADE

Não devemos desistir de ser felizes. Não devemos abortar o nosso sonho da felicidade só para agradar terceiros ou porque nos confortamos com determinadas situações. Devemos sorrir para que a esperança viva entre nas nossas vidas. Todos nós a procuramos mas será que a conseguimos alcançar? Quando nos perguntam ou nos perguntamos se somos realmente felizes o que respondemos? Afirmo que quanto mais se desenvolve a nossa faculdade de contemplar, mais se desenvolvem as nossas possibilidades de felicidade, e não é por acidente, mas justamente em virtude da natureza da contemplação. Esta é preciosa por ela mesma, de modo que a felicidade, poderíamos dizer, é uma espécie de contemplação
Felicidade, é um estado permanente que não parece ter sido feito, aqui na terra, para o homem. Na terra, tudo vive num fluxo contínuo que não permite que coisa alguma assuma uma forma constante. Tudo muda à nossa volta. Nós próprios também mudamos e ninguém pode estar certo de amar amanhã aquilo que hoje ama. É por isso que todos os nossos projectos de felicidade nesta vida são quimeras.
O que é para nós sermos felizes? o que precisamos para sermos felizes? Hoje em dia a felicidade é algo que dificilmente se atinge, as nossas necessidades condicionam essa mesma felicidade, somos cada vez mais seres necessitados, sobrepomos as nossas necessidades à nossa felicidade, vivemos numa falsa felicidade, numa triste felicidade, com medo daquilo que nos faz realmente felizes, temos receio de sermos felizes e de vivermos como realmente somos. Há uma referência para atingir-mos a felicidade, quatro factores de realização: riqueza, satisfação material, espiritualidade e iluminação. Juntos eles abarcam a totalidade da busca do indivíduo pela felicidade. Todos esses factores são, no fundo, fontes de felicidade, contudo, para que um indivíduo possa fazer um pleno uso delas com o intuito de levar uma vida feliz e realizada, a sua disposição mental é essencial, isto é, uma atitude mental correcta ajudará a manter o equilíbrio entre os vários factores.
A felicidade está associada a sentimentos como a alegria, o regozijo, o prazer, o júbilo, o amor, e muitos outros, e no reverso temos os sentimentos de tristeza, sofrimento, mágoa, dor, entre outros. A felicidade difere de alegria, felicidade é um estado com maior duração, do que um simples sentimento de prazer, que origina um sentimento de alegria.
Para mim, simples ser humano e humilde mortal, a felicidade humana é como o desenvolvimento das capacidades individuais praticando as virtudes, como uma vida de contínuo prazer, ou seja, a felicidade consiste em gozar inteligentemente os prazeres da vida, considerando-a (felicidade) como algo que poucos conseguem alcançar e que nos propõe viver de acordo com a lei racional da natureza, aconselhando a indiferença em relação a tudo que é externo ao ser. Porque não posso ser feliz? Porque sou impedido de atingir a felicidade? As pessoas por comodismo de não quererem tomar decisões arrastam-se nos corredores da infelicidade e nas ruas da amargura, lamentando-se sobre a situação que vivem.
O “mundo” em que vivemos condiciona a nossa felicidade, mas só nós próprios poderemos ser verdadeiramente felizes, ao longo da nossa vida se realizarmos determinadas escolhas que nos tornam mais ou menos felizes, por vezes, a nossa escolha é a destruição da felicidade, outras é o principio da construção da felicidade.
No nosso dia a dia não pensamos na felicidade, mas sim em termos prazeres imediatos, sem sabermos as suas repercussões futuras e se nos trarão a verdadeira felicidade, porque vivemos num mundo com breves ápices de felicidade, tal como numa montanha russa, em que para alcançar-mos um pouco de felicidade, o cume da montanha, demoramos bastante tempo a chegar lá e a mesma se desvanece em poucos momentos.
Ao alcançar determinado objectivo proposto ao longo da nossa vida, encontramos essa mesma felicidade, que descrevemos como um breve instante indescritível, mas o culminar desse objectivo só nos proporciona a verdadeira felicidade se procurarmos um novo objectivo, uma nova ilusão, um novo caminho para chegar ao cume. A felicidade não está no fim da nossa caminhada, mas sim em cada sinuosidade do caminho que percorremos para a descobrir. Devemos viver sentindo-nos felizes porque se vivemos na tristeza esta acabará por destruir a nossa autêntica felicidade. A felicidade não é algo que se encontra longe, mas pelo contrário, a mesma encontra-se bem perto, dentro de nós, só temos é de procurar bem.
EM QUE CONSISTE A FELICIDADE?
Este é o problema central e máximo da humanidade. Afirmo que a felicidade consiste na liberdade individual e renuncia a todos os bens externos, ou seja, quanto menos o homem possui ou deseja possuir, tanto mais feliz é ele, porquanto a infelicidade consiste, ou no medo de perder o que possui, ou no desejo não atendido de possuir.
Quem renuncia á posse de bens externos e ao próprio desejo de possuir, é perfeitamente feliz.
A felicidade não consiste nem em possuir nem em não possuir bens externos, mas sim na atitude interna que o homem mantém em face da posse ou da falta desses bens.
O que importa não é aquilo que o homem possui ou não possui, mas sim, o modo como ele se porta diante da posse ou da falta.
Quer dizer, o que é decisivo não é a maior ou menor quantidade objectiva das coisas possuídas, mas a qualidade subjectiva do possuidor.
Esta qualidade, porém, é conquista do próprio homem, e não presente gratuito de circunstâncias fortuitas.
Tudo depende, pois, em última análise, da atitude interna do homem.
A grande verdade sobre a felicidade consiste numa permanente serenidade interior, tanto em face do prazer como em face do sofrimento.
Que o homem feliz era aquele que conseguia manter uma atitude de absoluta serenidade, espécie de equilíbrio e atitude racional, em face do agradável e do desagradável da vida.
O problema central da humanidade é que compreendeu que a felicidade não consiste, primariamente, em ter ou não ter, mas sim em ser.
Às vezes falhamos porque queremos banir da vida humana os elementos afectivos e emotivos, indispensáveis a uma vida permanentemente feliz.
O facto é que a afectividade faz parte do homem completo e querer excluí-la da vida humana é querer edificar a felicidade sobre bases falsas.
Uma perfeita e verdadeira filosofia da felicidade deve, necessariamente, integrar todos os elementos que fazem parte da natureza humana sem o que não pode haver felicidade real e permanente.
Feliz é aquele que saboreia quando come, vê quando olha, dorme quando deita, compreende quando reflecte, aceita-se e aceita a vida como ela é. Há quem diga que a felicidade depende, antes de tudo, de bastar-se a si próprio, de não depender de ajuda, de opinião e, sobretudo, de não se deixar influenciar por ninguém. Sem amor, sem paixão, que sentido teria a existência?
A felicidade é proporcional ao risco que se corre. Quem se protege contra o sofrimento, protege-se contra a felicidade. Quem se torna invulnerável, torna sem sentido a existência. O homem feliz aceita ser vulnerável. O homem feliz aceita depender dos outros, mesmo pondo em risco a sua própria felicidade. É a condição do amor e de todas as relações humanas, sem o que a vida não teria sentido.
A mania das pessoas de quererem converter os outros, é uma fonte abundante de infelicidade. É que cada um de nós vive na ilusão, inspirada por nosso invertebrado egoísmo, que a nossa maneira é a maneira certa, talvez a única verdadeira e capaz de salvar a humanidade. Acreditamos que se todos os outros pensassem e agissem como nós, a humanidade seria definitivamente mais feliz... E por isso tentamos impingir a nossa maneira de ser aos outros, sobretudo às pessoas mais próximas de nós. Quando o homem, entretanto, começa a amadurecer, torna-se progressivamente mais tolerante, compassivo, mais amigo do servir, mais feliz.Percebemos ou devemos tentar perceber que não se pode modificar a maneira de ser das outras pessoas, mas que podemos mudar a nossa própria maneira de ser. Passamos a não girar em torno de nós mesmas mas a caminhar em direcção dos outros para fazê-los felizes. Percebemos que a procura egoísta da própria felicidade é a maneira mais fácil de afastá-la.

Sem comentários: