domingo, 29 de junho de 2008

DESABAFO PROFÉTICO


Tenho tentado controlar a ânsia de escrever. Parece que tudo que eu falar, soará como repetição, frases enfadonhas, de quem sempre está a esperar algo. Nem sempre me contenho, pois sou acometido por este formigueiro nas mãos. Talvez escreva para enxergar o meu revés, descobrindo as senhas que não revelo a mim mesmo. É que a minha palavra é atrevida e até cruel. Expõe a minha pele e se precisar, sangra-me. Tenho mesmo a alma aberta e o peito em fractura exposta.
Estou recolhendo todos os meus sentimentos, vou guardá-los como se guarda uma jóia rara e vou colocá-los num cantinho especial do meu coração à espera de um sinal verde, porque eu sei que, talvez esse sinal nunca acenda, talvez os meus sentimentos nunca saiam de onde foram colocados, talvez este amor nunca seja vivido, mas isto não significa que ele não tenha nascido, não tenha existido, não tenha contribuído de alguma forma para encantar e engrandecer a minha história. Isto é certamente uma escolha muito difícil, seja viver um amor proibido, seja abrir mão dele. Não estou desistindo do seu amor, porque ele nunca foi meu, estou tentando não desistir do amor que sinto. O mistério do amor nasceu dentro de mim e tomou conta de todo o meu ser, da minha vontade, do meu pensamento, dos meus actos. O mistério do amor chegou e alojou-se em mim, e só por si aumentou a minha dor, porque existem obstáculos e vontades a serem vencidas. Não comandamos os sentimentos nem as vontades alheias. Mal do ser humano que controla vontades e consciências alheias. O amor é como o raio de sol, a canção dos pássaros, o zumbir das abelhas, as flores aos nossos pés. Isso também é amor! Faz parte de nós, está à nossa volta e dentro de nós. Não há jeito de escapar. O amor, sendo um amor verdadeiro, é como um incêndio na floresta. A tudo ele consome e destrói. Tão violento que não existem meios de controlá-lo. É como uma tempestade no mar, violento e poderoso, pronto para destruir aqueles que tentam desafiá-lo! É uma força, um poder! Ele triunfa e conquista! Isto é o amor!
Não sei se nós existimos, ou se fiz minha a melhor fantasia. Apenas, continuo a dormir, para encontrar esse amor. Sou afeito aos sonhos e tenho os olhos guiados por luas que me inquietam o coração. Tomam-me em momentos quaisquer. Não sabem das determinações do tempo e do calendário que rege dias com compromissos, tarefas e actividades. Desorientam-me em suspiros matutinos, quando o sol já abraça o mundo. Continuo sem saber o que fazer, quando me ocupo a pensar. Isto me lembra contracções de parto. Amiúdes, em intervalos cada vez menores e renitentes. Percebo-me com a pulsação alterada, uma taquicardia inusitada, pois é a tal química do amor a dizer-se presente, como querem os cientista. Minhas mãos, a despeito do tempo, ainda guardam carícias sonhadas e já havia escutado que a ausência é atrevida. Nunca gostei dos ditados. Na sua maioria, limitam, aprisionam acções, distraindo a capacidade de pensar. Ando a caminhar pelas dúvidas. Mas voltando a máxima, acima...Tolices, de quem nunca se deixou tocar pela possibilidade de amar. Nem desconfiam do desejo que aflora, pelo que não existiu de facto. Será que o amor sempre precisa de tacto, visão, cheiro e paladar? Alheamentos, de quem só sabe sentir, embora nem sempre compreenda...
Ao meu redor, tudo permanece distante e estranho, como se algo ou eu próprio estivesse no lugar errado. Os objectos, enfim tudo o que me rodeia, não me reconhecem. Eu tão pouco a eles. Olho cada lugar, como se buscasse algum vestígio de mim, algo que denuncie qualquer cumplicidade e que me tire, ainda que por instantes, esta sensação de inadequação que me é tão permanente, à medida que a ausência desse amor se solidifica.
Muitos são os que me rodeiam, que não autorizam que eu seja feliz ou alcance a felicidade. Porquê? Querem que eu me transforme para toda a eternidade num farrapo humano? Só o futuro o dirá, se eu me tornarei nesse farrapo humano. Quem me ajuda a sair deste buraco? Basta apenas um sorriso para se acabarem as lágrimas de tristeza, basta apenas um sorriso para invadir a alma da mais pura alegria existente, basta apenas um sorriso para curar o meu coração doente, basta apenas um sorriso para encher o meu peito de orgulho, basta apenas o sorriso de quem a gente ama para alegrar a minha vida, basta apenas o seu lindo sorriso para que o meu, o dela, o nosso dia se torne mais colorido, cheio de vida e com a certeza de que no fim tudo dará certo. Sou um ser humano que já merecia um pouco de paz, amor e felicidade.
É o ser humano um animal racional? Sim, é, mas não apenas racional: é também sentimental e emocional. Sem os sentimentos, sem as emoções, apenas com a racionalidade, não é possível sentir-se verdadeiramente feliz. A felicidade não depende apenas da racionalidade: ser feliz inclui os sentimentos, porque a felicidade passa pelas emoções. Os laços de sentimentos positivos são os verdadeiros pilares do equilíbrio, no universo emocional: amor, afecto, amizade... Dentre todos, a amizade é a mais abrangente, duradoura e passível de altruísmo. Sentimentos exacerbados de afecto, amor e paixão podem gerar conturbações do espírito: mágoa... raiva... ódio. Mas os laços que unem as pessoas em amizades sinceras dificilmente descambam para a escuridão do ciúme. Diz o provérbio que quem tem amigos tem tudo. E quem acha que tem tudo - mas não tem amigos - na verdade, pouco tem. Bens materiais conseguem-se em lojas. Mas não há lojas onde se comprem amizades... E, afinal de contas, nenhum bem material jamais conseguirá substituir um ombro amigo.
Eu sou uma chuva que não molha, mas se sente, que passa pelos caminhos mais indescritíveis do ser. Sou passageiro como o infinito que olha sem querer e deixa sequelas de paz. Sou tudo o que as pessoas quiserem que eu seja, mas pelo menos sou e não passei despercebido. Como a chuva, eu sopro o cheiro da terra, sou pó e voltarei a ele e nada é mais passageiro que as minhas palavras, as quais, em alguém, ficaram ou tentei que ficassem ao menos uma sílaba. Sou a frase que ninguém esperava, que desmascarou o julgamento prévio do que eu fiz ou tentei fazer e não me deixaram.
Sou o olhar discreto, sou o amigo do momento mais íntimo que não se tem, sou aquele que tenta descobrir o que é se o deixarem, tentando aproximar-se, recuando com medo das incertezas que possa encontrar, embora o mundo também esteja repleto delas. Sou a purificação, o anseio mais breve daquilo que não se pode ter e tenho quando busco na lentidão profunda do âmago. Sou tantas coisas, e quando mal intencionado não sou nada e na maioria das vezes finjo ser o que não se podia. Estou agora pensando neste momento na vida, no canto mais íntimo do meu corpo onde ninguém penetra, mas eu vivo.
Em já padeci muitas vezes, quando precipitado, e posso padecer agora no num breve momento de loucura. Eu não acredito que posso caminhar sem o amor, rosto ao vento, enxergando a liberdade de um abismo, achando que a liberdade é um caminhar em passos largos, afastasse de mim o cordão umbilical que me unia à vida e à felicidade, na esperança de renovar, de acertar, de vencer, de falar a verdade sempre. Nesse exacto momento, penso no amor e na felicidade e espero que alguém pense em mim se porventura decidir caminhar sozinho. Conseguirá esse alguém evitar que eu me transforme num farrapo humano? Nunca quis ser empecilho ou travão, ou até mesmo um obstáculo ao progresso individual e à felicidade de quem quer que seja. Sou ciumento com os meus Amigos e se for preciso dou a vida por eles, pelos verdadeiros Amigos. Farão eles o mesmo? Estou desiludido e até angustiante. Será que valerá todo o esforço e empenho? Valerá a pena????????
Acredito que a minha vida não é melhor nem pior que a de ninguém. Nunca sentir-se maior ou menor mas igual...Fazer o bem sem olhar à quem e não esperar nada em troca, é uma maneira de encontrar a felicidade...
Procurar sorrir sempre, mesmo diante das dificuldades e não se envergonhar das lágrimas, diante da necessidade, é outra maneira de irmos ao encontro dela... Eu choro quase diariamente, que mais pareço uma Maria Madalena arrependida; Não me envergonho de chorar… Ser humilde, prestar favores sem recompensas, abrir as mãos e oferecer ajuda, é uma maneira de buscar a felicidade... Chorar e sofrer, mas lutar e procurar vencer, sem deixar o cansaço derrotar-me, nem o desânimo e o preconceito me dominar, é outra maneira de ganhar a felicidade... Estão-me a começar a faltar as forças. Aprender a defender os meus ideais e a amar os meus semelhantes, a conquistar os meus amigos pelo o que eu sou, e não pelo o que querem que eu seja, é mais uma maneira de abraçar a felicidade... Saber ganhar e saber perder, é uma rara conquista, mas será que vou conseguir... Tenho fé, acredito em Deus! Tento viver cada momento como se fosse o último, mas estão-me a faltar momentos. Tento fazer da minha vida uma conquista de vitórias, uma virtude e tentar aproveitar tudo o que ela me der, como uma oportunidade... mesmo sofrendo, hei-de sofrer amando...... pois é através do amor que eu hei-de conseguir encontrar as chaves para abrir as portas da "FELICIDADE", e isto só será possível se ainda houver tempo e me ajudarem a que não me transforme de vez sem retorno num farrapo humano.
Da janela do tempo observo o horizonte inalcançável e mesmo assim os meus olhos insistem em buscar além do horizonte... Da janela do tempo o meu coração sorri para a vida, enquanto o sol me abraça renovando-me as forças diante do horizonte... A janela do tempo abre-se para o jardim dos sonhos onde os meus versos criam raízes florindo e perfumando a estrada do horizonte... A janela do tempo não tem grades não tem vidros para impedir as ilusões de voarem por entre as nuvens que buscam o horizonte... E é pela janela do tempo que as minhas lembranças escorrem em forma de cascata deixando-me as sobras de saudades de tudo o que pensei ser meu horizonte...
Agora eu sei que na minha frente existe um muro de pecados e virtudes, os quais escondem a minha realidade, para que eu possa viver em meio com os erros, ou talvez para que eu faça a coisa certa, mesmo que não saiba o que estou a fazer. Eu sei o que sinto, porém escondo-me e não me acho através dos sentimentos, estes que seriam passageiros, mas que serão eternamente lembrados. Algumas coisas acontecem para que seja possível aprender. As traições da vida ensina-nos a não fechar os olhos diante de pequenas falhas ou grandes erros. Pensar com a razão e não com o coração seria uma forma de eliminar as desavenças da indecisão.

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