sexta-feira, 14 de março de 2008

SOMOS O QUE AMAMOS


"Somos o que amamos" é uma expressão que está incluída no pensamento de Santo Agostinho. Uma frase lapidar e de que mais gosto. Uma frase que traduz de maneira ímpar a experiência mais pura e cristalina do que é o amor.
O amor identifica-se com o quotidiano e estende-se para toda a eternidade.
Uma leveza infinita que habita nos nossos corações. Uma alegria suave que nos atravessa o corpo. Por que não dizer que o amor é uma realidade maior que nos arranca de nós mesmos?
E, com isso, fazemo-nos dom para aqueles que amamos. Quando aprendemos que "somos o que amamos" descobrimos que por tantos e quantos caminhos andarmos estaremos sempre na companhia da pessoa amada. O nosso corpo transforma-se no corpo dela. Os nossos sonhos são extensão dos sonhos dela. Os nossos desejos confundem-se com os dela.
Afirmo o seguinte: "Amar é dizer a alguém - Tu não morrerás".
Fantasia, imaginação, afectividade, inteligência prendem-nos ao processo de amar e de nos transformar na pessoa amada. O nosso ser fica cativo do amor.
Fico pensando que o amor leva-nos a viver uma pontinha de egoísmo. Afinal, desejamos a eternidade para a pessoa que amamos e para nós mesmos, que estamos amando. Diante do amor renunciamos a interrupção, o cansaço, o término e o passageiro e abraçamos a eternidade como projecto único e suficiente de vida.
"Somos o que amamos" revela que a força do amor reside no desejo de ajudar no crescimento do outro fazendo-o melhorar e superar os seus limites. O amor não teme enfrentar o lado obscuro do outro e não desanima. Ao contrário, fala quando acredita na força de uma conversa brotada do amor. O amor é capaz de gerar um clima de empatia no qual os gestos e as palavras, nascidos do conhecimento do outro, penetram suave como a chuva fina e leve.

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